quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Lembro-me daquele dia como aquelas manhãs de domingo em que chove, e chove, e chove. Como naqueles dias em que há neblina e aquela sensação de sufocamento por não ser possível enxergar a luz do sol. Aquele dia caracterizou-se dessa forma pelos curtos cinquenta segundos que durou, momento este em que o coração passou aquela velocidade comum quando se leva um susto ou quando alguem morre. Foi um dia triste, sem mas nem poréns. Foi um dia triste que remeche-se de vez em quando na minha cabeça, e o coração sente. Essa ferida aberta que ora parece estar cicatrizando e ora escancara-se, deixando o sangue morno rolar pele abaixo.
Não sou boa com datas, não recordo na memória os dias da semana que marcaram a minha vida. Era a tarde, o sol não se pusera atrás das casas de cores claras e luxuosas, repletas de pessoas desconhecidas. Os preparativos (atrasados) para o Natal estavam a todo vapor. Decidimos montar a árvore, com direito aquelas luzinhas brancas que me traziam aquela antiga sensação de dias quentes e felizes. Era Natal, era a alegria remodelada em forma de comida, família, calor e amor. 
Subindo as escadas, entrei no meu quarto. Mal sabia que dali alguns instantes o mundo viraria do avesso e de ponta cabeça. Entrei na Internet, esta que me mantém presa e triste, na maior parte do tempo e a odeio por isso. Fiquei sabendo, então, da notícia de que aquele sonho antigo e ingenuo, formado nos primórdios do ensino médio, foi roubado de mim e dado a alguém melhor. A princípio, nada daquilo parecia verdade, eu estava sonhando e acordaria aliviada, agarrando aquela crença boba de que mereço meus sonhos realizados.
Mãe, venha pra casa. Deitei na cama, olhei pela janela. Seria verdade? Lutei tanto. Estudei, dei duro naquilo. Mesmo assim, não foi suficiente? Não sou tão boa quanto pensei que fosse, e esse foi um dos piores erros que eu já havia cometido. Vida, esse foi o seu sinal. A dor de ver um sonho desmoronando e levando junto todas as suas perspectivas de vida e de si próprio, é aterrorizante. 
Chorei, chorei, chorei. Meus olhos tomaram o formato de uma lua triste e perdida, como se ela não soubesse se sua função seria ser dia ou ser noite. Estava perdida, queria a minha mãe pra me consolar e dizer palavras que eu sabia que não merecia.
Tudo tornou-se um grande borrão. As luzinhas na árvore apagaram-se na minha visão cansada e inchada pelo choro compulsivo, nervoso, perdido. Estava desamparada.
Dormi com a cabeça latejando e com o coração partido. Meus olhos bateram no título do livro amarelo e laranja de quinhentas páginas do DeRose. "Quando é preciso ser forte". Fiz disso o meu mantra para encarar tropeços na vida como esse. Seja forte, filha.

So why is my heart broke?

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Por favor, volte

Estava aqui agora mesmo. Juro que estava. Olhei pra janela por alguns curtos segundos, sei que foi rápido, uma olhadela e ela já havia sumido. Como é que pode, tão de repente? Mal tive a honra de aproveitar sua agradável presença.
Será que disse alguma coisa? Minha roupa está vulgar demais? Posso ter a assustado com meus discursos perdidos que nunca chegam a uma conclusão... É, só pode ter sido isso. Posso ainda a ter assustado com meu olhar hostil. Sim, sim, já me haviam dito que meus olhos passam essa sensação.
Melhor chama-la de volta, desculpar-me-ei cordialmente, com certeza não foi intensão a ter magoado. Muito pelo contrário, apreciei sua companhia até o último momento em que nossos olhos descruzaram-se, e os meus foram parar na janela encortinada do quarto. Mas que falta de educação! Deixar a convidada desamparada sem ter o que dizer... sou a anfitriã, o rumo da conversa sou eu que domino. A coitada deve ter se sentido desnorteada pela minha falta de atenção, deve ter pensado que a conversa não tomaria mais nenhum rumo, e que a minha pobre pessoa já perdera o entusiasmo no assunto. Nossa, que vergonha.
Chame-a aqui, por favor. Passaram-se dias e eu sinto falta da minha companheira. Não queria ter que implorar, manteria minha formalidade até o ultimo instante, mas é que eu simplesmente não consigo ver graça em uma vida sem a presença dela. Tudo torna-se tão cinza, tão nublado, parece a capital de onde eu vim. Lá as pessoas não tiveram a honra de ter a minha amada convidada em suas casas, elas não conhecem o quanto maravilhoso é sua presença. Não estou exagerando, apesar de parecer. Aqui coloco os mais puros dos meus sentimentos, nada disso é dissimulado. Pode até ser, e eu não perceba... Mas não quero mudar o rumo da história. Estou a beira de ajoelhar-me e pedir em prece a sua volta. Beijo-lhe os pés, mas volte. Colore a minha vida com seu brilho impagável. Renasça em mim aquela antiga pessoa que eu tanto orgulhara-me de ser... Esteja comigo, de corpo e alma, nessa busca pelo ideal. Por favor, volte, luz da minha alma, combustível aos meus ideais... Volte, felicidade.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Desde criança eu enxerguei a vida como um ciclo simples de três fases. Teria que vencer a infância, venceria os preconceitos de não ter o corpo das meninas da minha idade, iria pra escola e passaria de ano. Essa seria minha realidade até o último ano do colégio, rasa e nua feito azulejo branco. Seguindo com a aventura, sairia do colégio com a mente aberta rumo a faculdade, que finalmente preencheria esse vazio dentro do meu coração por algo substancial, tornando minha existência algo memorável. Quero fazer essa diferença que tanto falam.
Perdi minha vó com 14 anos, ela era a melhor pessoa da minha vida. Sinto falta dos bolos, de segurar a mão dela no banco. Minha vó me fez enxergar a vida como uma aventura que só garante felicidade para os que a não procura.
Vó, me desculpe. Eu procurei a felicidade nos quatro cantos do meu quarto, nas redes sociais da internet, no yôga, no fingimento corrosivo de um sorriso. Procurei-a nas pessoas, no ar dos parques, no sol que bate na pele. Procurei nos livros, nos filmes. Vó, me desculpe, você sempre esteve certa.
Eu gosto de sentir-me diferente. Gosto de imaginar-me como outra pessoa, de basear-me nas vidas alheias para construir a minha da melhor forma. Procurei os meus gostos e os vivo todos os dias, mas não na intensidade que considero ideal.
Queria pegar um carro velho e sair pela estrada rumo ao desconhecido. Queria sair da minha vida, ser dez pessoas diferentes no mesmo dia. Queria abrir a janela do carro e colocar a cabeça pra fora, sentindo o vendo forte da serra machucando minha pele. Queria viver na clandestinidade, fazendo o que eu amo com alguém especial. Queria uma vida louca, insana, aquela vida que a minha vó provavelmente reprovaria.
Nunca fui uma menina normal. Agora, mas do que nunca, contrario o que os meus pais dizem só pelo gosto de os fazer pensar diferente da maioria. As algemas que eles levam nas mãos eu joguei no quintal do vizinho, elas não servem pra mim.
Quero andar sem roupa pela casa cantando Lana del Rey nos tons desafinados que caracterizam a minha voz. Não vou pra academia, não vou pra aula de inglês ou pro cursinho. Vou na direção do que faz sentido nos meus ideais, e mostrarei-os ao mundo pelo caminho que me dá prazer, mesmo não sendo um Fernando Pessoa, ou um Carlos Drummond.
Ando pela calçada para não ser atropelada e ter meus sonhos tirados de mim. Eles são a minha alma, minha carne, minha personalidade. Não tenho sonhos enormes, são do tamanho perfeito pro meu coração. Alcançarei o que estiver alcançável, simples assim.
Liberdade.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Metas para a vida: ser igual a Lana del Rey, fazer yôga na praia, viver um romance desenfreado com um cara parecido com o Jim Sturgess, viajar o país de cabo a rabo e escrever sobre liberdade.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Monólogo

Nunca mais arrume os meus cabelos, peço que pare com essa tentativa de infiltrar-se nos meus olhos a procura de respostas, de brincar desumanamente com o que resta de sentimentos nesse corpo frágil. Deixe-me sozinha, quero enrolar-me nas cobertas e permanecer nessa inércia até que algo convidativo e colorido apareça e me chame pra dançar. Não tolerarei jogos psicológicos, e muito menos essa sua mania enlouquecedora de me ter em um sorriso, em um solo de guitarra, no olhar preso ao nada que me faz achar que estás a pensar em mim, que tudo que fazes tem o propósito de conquistar meu coração indesejável e tímido. Pare com essa mania. Pare, imperativo de alguém que não possui capacidade nem de controlar a si mesma, quanto mais os outros.
Uma vida, um ciclo, um período foi concluído. Com sucesso, sem sucesso, não sei dizer. Porém, todavia e contudo tenho alguns planos na cabeça que não vejo a hora de coloca-los em prática. A começar pela alma morena de olhos caídos e sorriso iluminador, que roubou-me a essência, destruiu meu caráter e me fez o que sou hoje, eternamente perdida no espaço, seguindo na direção de uma única luz que obviamente me guia até seus braços. Ah, pensei tanto nos seus braços. Imaginei a cena infinitas vezes e de trás pra frente, caso o ser que nos rege quisesse reverter a situação. Não perderia esse momento por nada, de estar em seus braços.
Aproximei-me criando coragem a cada centésimo de segundo que separavam nossos 4 metros de distância. Conseguia enxergar suas sardas ao redor do nariz, estávamos perto. O mundo paralisara-se ao meu redor, o ser regente havia escolhido a opção câmera lenta. Tudo o que havia treinado e repetido na cabeça durante aquelas tortuosas horas de noites em claro, esvaíram-se e voaram pela janela aberta atrás de nós. Qualquer frase dita por mim naquele instante eram frutos do meu subconsciente indesejado, o maldito. “Tchau, amigo.” E foi assim que despedi-me, sem beijo no rosto, sem apertos prolongados. Apenas aquele curto e gélido cumprimento sem afeto. Nossa, aquilo partiu meu coração em oito, nove, dez partes. Subiu-me o sangue nas têmporas, queria arranca-las e joga-las contra seu peito.
Situações assim tem de acontecer. Como seria capaz de crescer, de te deixar, finalmente, descansar em paz? Em quantas partes teria de quebrar meu músculo miocárdico para que conseguisse interromper com essa dor insuportável que é o amor não correspondido?
Eu o vi hoje de novo. Você usava aquele tênis que eu gosto tanto, e um violão pendurado nas costas. Mesmo que de forma inconsciente, meus pontos fracos estavam totalmente vulneráveis a sua presença e sim, ainda tive aquele gostinho muito bem conhecido de atropelar quaisquer vontades, esperanças e o próprio amor com um trator. Obrigada pelo trator, agora sei passa da hora de plantar novas sementes, de renascer.

Sonhos eu tenho transbordando pelo coração e pela cabeça, muito obrigada. Falta-me coragem de coloca-los em prática. Falta impulso próprio, falta tira-lo da minha vida, pois tudo isso só será possível sem que a minha mente cansada seja ofuscada pelo brilho indesejado dos demais. Deixe-me crescer sozinha.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Estive tão dependente da sua presença (e, ás vezes, era o que me bastava), que sentia-me vivendo a sua vida, e não a minha. Eu olhava minha aparência no espelho e não conseguia enxergar nada além do que uma pessoa desajustada, tentando achar brechas onde poderia executar mudanças, moldando-me nos padrões que talvez te agradasse. Seguia meus caminhos rotineiros ansiosa em te encontrar, em te ver e, por sorte, conversar. E só. Eu não precisava te tocar, te ter só pra mim. A sua presença naquele mesmo ambiente já garantia um dia feliz. Meu amor era visual, talvez uma das formas mais raras de amar alguém. Eu te tinha naquele espaço compartilhado publicamente, te abraçava nas risadas em conjunto, te beijava nas trocas de olhares não intencionados. Tentava entender seu universo, entrar na sua cabeça, te virar do avesso. E você nem desconfiava. Conectei-me a sua vida de forma tão intensa que isso massacrava-me por dentro. Todo esse processo de viver na sua sombra, de pressentir suas decisões e estar sempre a par de tudo, estar sempre presente, chutava pra penumbra preciosos momentos em que eu poderia estar trabalhando em ser... Eu. Poderia ter gasto meu tempo aprimorando, entendendo meu próprio e complexo mundo, e não atrofiando-o pra viver no seu,
Sinto muito pelo tempo perdido. Sei que foi perdido, sei que não valeu a pena. Mas cá estou eu, firme, forte, evoluindo a passos de formiga. Mas a certeza de ter me tornando um ser independente já é de grande satisfação, mesmo que isso ainda arranque pedacinhos do meu coração. Espero que esteja feliz. Espero que estejamos felizes.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Meus ouvidos presenciaram as mais rudes palavras
Que jamais, nem em mente, as proferi
Incapacidade de enxergar a vida como ela é
Ou foi tudo parte de uma personalidade forte
Que se auto-afirma?
Não
Forte eu aprendo a ser
Como uma eterna estudiosa dos próprios atos
Forte é quem eu quero ser
Daqui uns anos
Daqui, no máximo, 5 dias
Preciso ser forte
Preciso ignorar o mundo, fechar-me nessa
Bolha de sufocos
Falta pouco
Seja forte.

domingo, 17 de novembro de 2013

Declarações do miocárdio

Eu vejo a humanidade caminhando a passos de formiga na direção errada. Não procuro filiar-me a qualquer instituição que exponha teorias sobre o que é a vida, procuro aqui e agora apenas compartilhar um sentimento que tem arrancado pedaços do meu coração e anda impedindo meu sono. Preocupo-me tanto com o futuro e a vida dos que estão por vir que chego a esse ponto de lástima e corrosão interior. Não nasci pra viver no meu próprio umbigo.
A verdade é que o fato de já terem existido acontecimentos como nazi-fascismo, primeira e segunda guerras mundiais, escravidão, mortes na fogueira em nome de Deus, guilhotina, tortura, grupos de extermínio, o desmatamento de 98% da Mata Atlântica (não consigo pensar em pior chacina), criação de bombas atômicas visando o imperialismo e afirmação de poder... Deixam-me extremamente preocupada e, de certa forma, angustiada. Todos esse fatos podem ser resumidos em uma única palavra, que venho utilizando muito: desumanidade. Des, prefixo de negação. Humanidade, agir em prol dos demais. Recuso-me em acreditar que tais ações citadas sejam da natureza humana... A natureza é perfeita. Somos seres que supostamente pertencem ao auge da evolução, mas pelo o que conheço de história, desde os primórdios, desde quando se tem documentos falando de determinada época, essa tal desumanidade esteve presente. Deve-se levar em conta a cultura de cada povo, os costumes, os valores. Esses itens passam por constantes mudanças, e são de muita importância para explicar certos atos. O que me preocupa é a probabilidade que as ações humanas comprometam a vida futura, se esse lugar que deixarei daqui muitos anos (assim espero, pois ainda tenho muito a dizer e fazer), ainda terá pessoas que pensem e olhem além da linha de conforto. Tenho medo da globalização.
O mundo que vivo e presencio hoje está longe do que meus olhos inocentes consideram como ideal. Vejo pessoas passando por cima de outras, buscando afirmação de superioridade. Vejo indiferença com relação a vida alheia. Vejo a busca incessável por esse símbolo de papel que não acrescenta em nada no conteúdo ético de cada um, muito pelo contrário. Ele te corrompe, te faz viver uma vida sem sentido, te faz acordar todos os dias com a cara fechada e um coração poluído de rancor. Odeio saber disso. Vejo os valores invertidos, vejo o conceito de amor caindo no esquecimento.
Não quero parecer hippie, não trago essas palavras de nenhuma igreja, não tenho nenhum outro interesse a não ser passar esse meu descontentamento com a realidade. Prefiro acreditar que aquele político que roubou dinheiro público pra passar as férias no Caribe fez isso pois ele não foi capaz de amar, de perceber suas responsabilidades. Ele não foi amado, ele não sabe o que é contentar-se com qualquer outra coisa que não seja os itens materiais. Ele deixou-se corromper pelo mundo.
Espero contribuir com a ética. Espero, ao longo da minha vida, fazer com que cada vez mais as pessoas enxerguem o caos que assola as relações entre os países, entre os vizinhos, entre desconhecidos, amigos, familiares, a natureza. A mudança dever vir de cada um, mas para isso é necessário um incentivo, um exemplo de fora. Estou disposta a qualquer coisa que impeça o retrocesso. Estamos aqui para evoluir.
Guardo no peito uma enxurrada de sentimentos. Guardo no peito os sentimentos do mundo. Sufoco-me com os que trazem impurezas a alma, machuco-me sem ao menos possuir uma razão concreta.
Sou o cofre do rei, guardo os pensamentos e as emoções mais densas as sete chaves, escancaradas garganta abaixo. Não vejo a hora de descobrirem esse tesouro perdido e mostrarem ao mundo o quanto suas jóias brilham. Quero ser reconhecida. Até lá, vou juntando as peças desse quebra cabeça horripilante enquanto esquartejo a felicidade que tanto procuro.
Quero uma vida sem medos. Meu coração anda mais pesado que chumbo, tenho vontade de arremessa-lo no horizonte e virar as costas, andando no sentido contrário, deixando o vento bater com força nas minhas costas, encorajando-me a seguir em frente. Não quero mais sentir, pelo menos não desse jeito.
Quero chorar e afogar-me na mentira que eu sou. Não sou nada, não posso ser nada, nunca serei nada além disso. Não enquanto viver nessa camisa de força do meu próprio consciente. Não enquanto sentir medo.
Quero mesmo libertar-me de mim mesma.

sábado, 16 de novembro de 2013

Preces

Tem tanta coisa nesse mundo que poderia, de alguma forma, encaixar-se nesse meu coração incompleto. Estou farta de procurar alucinadamente no calar da noite, no barulho das teclas do computador (máquina perversa, fonte de dores e contentamentos momentâneos), no céu límpido, no calor da primavera. Nenhuma dessas maravilhas mundanas trouxeram o espasmo de que eu tanto falo, tanto busco. O cotidiano tem-se feito no progressivo aumento das olheiras e das incertezas de um futuro promissor. Lembro-me de que ano passado eu havia formulado um lema e pensara em pendura-lo na parede do meu quarto. "Não tenhas medo de viver a vida dos teus sonhos." Medo, eu sei que não tenho, mas e quanto as oportunidades, o destino, ou até mesmo aquela pitada de sorte que nunca me acompanha? Se sou escassa nesses elementos, que chance tenho eu de viver a vida que almejo? Eu só desejo, do fundo do meu coração, que Deus, Shiva, Jah, Budda, o destino, o cosmos, a sorte, a natureza e meu consciente estejam dispostos a trabalhar em sintonia para que o esforço não tenha sido em vão, que eu seja merecedora. Se não for, se realmente a vida está guardando algumas lições e sermões na manga, que seja. As lagrimas tendem a secar sozinhas.

domingo, 10 de novembro de 2013

Parágrafo da saudade

Sinto saudades suas, moço bonito. Lembro-me dos dias de calor e de vento batendo no rosto, de sentir a pele quente e convidativa. Sinto saudades do seu sorriso branco, sincero e legível. Perdia-me nas suas feições maravilhada com a existência, a vida tornara-se os sonhos que eu sonhei. Os sonhos que eu sonhei. Não precisávamos de nada além do charme daquela conversa casual e intima, éramos conhecidos de longa data apenas naquelas curtas três horas. As distrações estavam ali, o mundo corria ao nosso redor em ritmo desenfreado, nada mais me interessava a não ser aquelas palavras que você pronunciava tão poeticamente. Sinto saudades de tantas coisas mais que não pretendo gastar meu tempo falando sobre elas, tornaram-se imortais na minha memória, nos meus lábios, nas minhas vontades. Vontade de você, ou de alguém como você. Vê se aparece por aí qualquer dia, só pra eu poder parar de sonhar um pouco e voltar a enxergar a vida como uma felicidade realizável. Vê se aparece.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Você corre contra o vento
Contra o tempo
Contra a impassibilidade do mundo
Corre cotia na casa da tia
Anda em círculos
Repete a mesma doentia rotina dia pós dia
Corre cipó na casa da vó
Como interromper esse ciclo vicioso?
Como nadar contra a maré?
Músculos são feitos para isso, moça bonita
Estamos aqui para renovar, renascer
Pode jogar? Ninguém vai olhar?
Não.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Alma de camaleão

Eu precisei estar aqui sem mesmo saber com qual intenção. Não que eu apoie essa necessidade doentia de achar sentido em tudo. Para quebrar com qualquer ideia pré colonizada, aqui começo o que vem a ser a totalidade de uma vida clara como a manhã e confusa como a brisa que vem e vai, que fica porque quer e porque precisa. Aquela mesma pessoa perdida nas escolhas mesmo tendo em cada uma das mãos ferramentas que a levem onde queira ir.
Na cabeça perdura uma mente amarrotada de lembranças recentes e antigas, falsas lembranças e vontades nunca cumpridas. Na cabeça perdura uma mente que lateja de cansaço, mas reserva brechas para uma melhor aplicação da energia que ainda resta. São 11 horas da noite, chove, faz calor. Dada a descrição do tempo, parte-se a analise do ser. Este ser deita-se na cama demasiada quente, cobre-se com o cobertor até o pescoço e não dorme. Na cabeça perdura uma mente teimosa e angustiada com o curto prazo para o cumprimento das responsabilidades sociais. Odiava essa palavra, "responsabilidades". Desde que pintara o pequeno cartaz com dizeres em inglês acerca de liberdade e pendurara na parede do quarto, o que unicamente fazia sentido eram esses dizeres. Liberdade, meus irmãos. Li-ber-da-de, cada sílaba é pronunciada mansamente pela língua que mal encosta nos dentes. Doce de ouvir, doce de explicar. Contrariando os princípios, a palavra descia amargamente pela garganta na noite de terça, nada fazia sentido. Nada fazia sentido há muito tempo, nem se lembrara a última vez em que sentiu-se segura e pertencente ao mundo ao seu redor. O lugar não era aquele, as escolhas talvez estivessem apontando em direções erradas, o sentimento de perda e de saudade das coisas ainda não concretizadas. A realidade estava fora dos eixos.
Na cabeça ainda perdura uma mente brilhante que sente-se ofuscada pelo brilho exacerbado e ostentado pelos demais. Aquela mente não veio ao mundo para esse fim. Veio para mudar, para trazer consciência aos outros e aprimorar-se a cada instante. Aquela mente nasceu com olhos de águia, aquela que vê de tudo, sabe de tudo, consciente.
As vezes olho para trás, para os lados, para cima... Tudo é nítido, como um girassol. O espasmo da vida já está a acontecer. Como vou saber o melhor caminho seguindo pelo mesmo eternamente?

domingo, 22 de setembro de 2013

Eu me lembro

Deviam ter avisado que o último ano do colégio seria difícil. Isso devia ter vindo no calendário escolar, as possíveis datas quando o aperto no coração aconteceria. A questão é que tem muita coisa pra sentir saudade, tempo de sobra pra fazer acontecer e depois ficar relembrando na cabeça e salvando na memória todos os momentos indescritíveis de felicidade eufórica.
 Eu me lembro quando dancei no palco das maiores baladas da America Latina, lembro quando bebi com as minhas amigas e quando escorreguei no chão, levantando tremula nos saltos altos e rindo da minha própria situação de vergonha. Lembro quando conheci um menino incrível e o quanto foi mágico esse momento. Lembro do calor da praia, do mar salgado na minha pele. Lembro dos shots de tequila, de dançar na beira da piscina, de presenciar o pôr do sol. Lembro de cantar errado, de pular na cama do hotel, de comer pouco na janta pra me acabar nos doces. Lembro de como me senti quando ouvi fofocas sobre mim, de me arrepender por ter extrapolado. Lembro também de ter aprendido a me perdoar, a olhar o passado como o que ele realmente é: passado. Passou.
Lembro das minhas viagens, de virar a noite, de me encantar com a lua cheia. Lembro do Natal em família, das sobremesas, dos doces portugueses. Lembro das histórias da minha vó, de contar a matéria da prova pra ela. Lembro das férias de Janeiro e Dezembro, da vitalidade que o calor trazia. Lembro das minhas amigas dormindo em casa, de rir até a barriga doer, de amar e de tudo parecer certo. Lembro das agoniantes noites em claro em que o choro prendia na garganta e quando eu tinha medo de tudo, medo da vida. Lembro de engolir os livros, da sensação de ter tomado um rumo.
 Lembro das madrugadas das férias na internet, de assistir séries e filmes, de ter medo do futuro. Lembro da sensação de liberdade quando peguei trólebus sozinha na volta pra casa, da inscrição pro vestibular. Lembro da sua mão arrumando meu cabelo rebelde, de você dizendo brincando que já havia me beijado, de assumir que precisava de uma namorada. Lembro de ter pensado "olha eu aqui, babaca, me candidato". Lembro de mascarar meus sentimentos. De fazer 15, 16 anos. Lembro quando eu tinha medo de perder as pessoas, de ficar sozinha. Lembro dos shows, do fluxo de emoções ao ouvir certas músicas, de chorar de saudade da minha vó. Lembro quando perdi meu cachorro. Lembro de me sentir no fundo do poço, de ser feia, gorda, mal amada, ofuscada pelo brilho dos que se encaixavam melhor nos meios. De me sentir um alienígena, deslocada. Também lembro de me sentir bonita, de gostar do meu cabelo e do meu estilo de vida.
Quero continuar lembrando, porém com a sensação de que há muito a me esperar pela frente. Há muitas baladas pra ir, muitas pessoas pra conhecer, muito a que estudar, fazer, falar e concretizar. Muito a viver. 

I wish I could be forever this young. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Como não querer o que seu coração mais pede? Como ignorar o desejo ardente de realizar um sonho? Como não sentir, como matar a facadas esse antigo sofrimento, não deixando nem as cinzas? Como esquecer alguém que te faz tão feliz? A gente não busca felicidade nessa curta vida terrena? Porque eu to tendo que abrir mão de parte dela? Eu não quero. Eu te quero, loucamente, ardentemente, conscientemente, perdidamente. Agora, aqui, minhas mãos descendo pela nuca junto as trocas de olhares que há pouco eram inocentes. Quero-te colado a mim.
E, se por alguma decisão de um destino amargurado, nada disso acontecer, te quero ainda mais na realidade. Teus olhos nos meus dizendo que não. Quero o tapa da rotina, a verdade nua e crua. Quero a palavra "amigos" soletrada ao vento, para entrar na cabeça, grudar nos neurônios. Quero, enfim, a felicidade em sua verdadeira forma, a que eu, e apenas eu, tenho condições de escrever.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Realidade ilusitória

É rir pra não chorar. Não é assim que dizem? Foi assim que me disseram. Você ri, enterra no depósito cardíaco o sofrimento e as desilusões, segue a vida. Engana-te. Da risada e finge, pretende, esquece, cai na folia. A gente vive assim, não é? Evitando os problemas, transformando-os em fantasmas parabólicos. Eles continuam ali, mas você os esquece, até quando der, até quando a vida permitir. Acho que vou chorar. Chorar pra esquecer, pra enfrentar a realidade, pra mudar o presente. Quem ri sem ter graça é ator, é quem encena. Eu vivo na vida real com o relógio me dando chicoteada nas costas. Não tenho tempo pra isso.

Sambando na cara do subconsciente

Alice gosta de Paulo. Alice não só gosta de Paulo, mas sente algo muito intenso e complicado. Alice e Paulo eram conhecidos de longa data. Um dia o destino quis dar uma remexida na vida de Alice e fez com que Paulo sentasse ao seu lado no colégio. Alice gosta de Paulo, Paulo não demonstra sentimentos. Alice quer que o colégio seja de segunda a segunda. Paulo falta nas aulas. Alice suspira, ouve músicas românticas e se corrói por dentro. Nunca teria o seu Jack, nunca seria Sally de ninguém.
Passaram-se anos. Alice gosta de Paulo. Paulo gosta de música, de filme, de dormir. Alice quebrou o coração. Milhões de vezes. Paulo admirava Ana, falava da Cláudia, pensava na Laura, gostava da Flávia. Paulo ia a festas, lia livros, ria, chorava, seguia linearmente na trilha da vida. Alice subia e descia na montanha russa descontrolada e não via a hora de descer.
Alice acordou num dia ímpar do mês e decidiu que nada daquilo valia a pena. O coração do ser humano não foi programado pra poluir-se de ódio, ciúmes, tristeza. Ele foi feito pra amar, amar certo. E foi assim que o laço que unia o passado ao presente foi cortado. Alice levantou da cama, corajosa. Aquele seria seu renascimento, a vida como deveria ser, viver por si só. Amar os outros, acima de tudo, e não sofrer por eles. O amor move o mundo, e não a lamentação por não ter Pedro. Pedro era legal, era bonito, simpático, inteligente. Mas cá entre nós, o João era muito mais interessante.

domingo, 18 de agosto de 2013

Cobertor coletivo

Dias frios, pessoas frias. Acordam de manhã já pensando no fim do dia. Amarram a cara, contraem os lábios, enfiam a mão no bolso e não cumprimentam o porteiro. A garganta queima com o café aguado do trabalho, as mãos pálidas recusam-se a pegar na caneta e deixar o trabalho pronto. Lá fora, o céu é cinzento feito calçada, feito o prédio da prefeitura, o ponto de ônibus, o poste do luz, o consultório de contabilidade, o rio poluído, o estudante que chegou atrasado no ponto, a atendente de caixa que brigou com o namorado, o motorista que ainda não foi pra casa. Tudo se mistura, tudo se combina, tudo complementa-se na pintura sem graça da cidade.
Forma-se uma nuvem carregada que está sempre a ameaçar a pior das tempestades. Essa nuvem é composta de todas as intoxicações inconscientes do dia a dia. A amargura, a inveja, o ódio, a raiva, o ciúmes, a superioridade, a timidez. Tudo isso fica aglomerado nessa nuvem negra que rodeia a cabeça dos pobres cidadãos. Ninguém sabe que a carrega, só os mais sensíveis. E assim passam os dias de inverno, uma hora aqui e outra ali, a nuvem se enche gloriosa.
A solidão bate na porta e ninguém quer deixa-la entrar. Ela bate de novo, toca a campainha, chuta, escancara. Vem o inverno e a pega pelo braço, entram juntos sem pedir licença, na maior cara de pau. O anfitrião mau humorado aceita a visita indesejada passivamente, sem saber ao certo por quanto tempo os impostores vão ficar, se é que vão um dia embora. Dias frios, pessoas frias, o tempo não para e ninguém se dispõe a contornar os acontecimentos indesejados. O café, o cobertor pesado, o chocolate e o abraço estão logo ali do lado, mas ninguém tem coragem de vencer a preguiça e ir lá pegar. Eu tava tão quentinha e aconchegada, tento descobrir quem foi o impostor que roubou minha coberta, quem tapou meu sol. Coisas assim não se perdem simplesmente, elas são tiradas de você. E agora, José?

quarta-feira, 31 de julho de 2013

simplificando

Hoje eu acordei sabendo que havia alguma coisa errada, seja comigo, com o dia, com o clima. Algo não estava girando conforme as demais engrenagens e me incomodava. Preciso por os pensamentos em ordem para que consiga encontrar e enfrentar o malfeitor que está travando a minha paz e o choro na minha garganta. Sinto muito se o texto sair meia boca ou muito íntimo, mas sei que é a única opção e o melhor remédio paras as minhas mágoas indecifráveis, que já não aguento mais viver em suas companhias. Será narrado em terceira pessoa, pois quero ter um olhar mais amplo da situação.

As unhas vermelhas lascadas apoiavam sobre o teclado do computador, indecisas sobre os comandos do cérebro, escrever ou não escrever. Na realidade, a decisão tomada era de passar para o papel tudo aquilo que a afligia, pois era assim que ela se encontrava, que se entendia. Havia um turbilhão de mensagens em sua cabeça, decidindo qual seria a melhor forma de começar esse auto retrato de seus medos. Nunca havia feito algo mais difícil. Começou:
"Hoje eu acordei sabendo que havia alguma coisa errada, seja comigo, com o dia, com o clima."
Parou. Quantas vezes havia tido essa mesma sensação, só naquele ano? As marés de tristeza iam e vinham, num espaço de tempo não regulado. Haviam dias que ela acordava bem, ansiosa para ver as pessoas que há tanto tempo divida amizade. Mas sempre tinha algo de errado, algo faltando. Quando eram dias de mau humor, de choro preso na garganta e uma tristeza devastadora, também havia esse algo que deveria estar ali e não estava. Será aquela pessoa de cabelos escuros, sentado na última fileira, de olhar sonolento, o motivo para essa sensação? Sim, infelizmente. Depois de tudo que ela havia passado, de todas as alfinetadas e punhaladas que ela havia levado, ainda sim sentia aquele desejo incontrolável de o ter só pra ela, gurda-lo a sete chaves em sua caixinha na estante.
Havia também o peso de um grande arrependimento, que lá no fundo ela sabia que era bobagem, mas como convencer seu cérebro a esquecer de algo ruim? As coisas ruins nunca são esquecidas, a não ser que você as supere. Ela não havia superado, pensava nisso todos os dias e se culpava. Já havia ouvido dos amigos que aquilo não era motivo para perder sono, mas quem mandou nascer com essa alma teimosa? Ela se corrompia por dentro, sem necessidade alguma. Mas que grande perda de tempo! Além de que, é também uma tremenda burrice. Tanta coisa pra se preocupar, ela ia justo no ponto que quase ninguém notava.
Alguém, por favor, salve essa menina dos dias de mormaço. Que seja ensolarado, quente, aconchegante, seguro e feliz. É tão simples.




quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tentando achar inspiração até no buraco da minhoca. As vezes nem lá sou bem vinda.

domingo, 14 de julho de 2013

It happens to be you the guy that I always remember when I think about...not love, but romance. When I see couples together, or I watch and listen some kind of romantic story, I always think about how it would be if it was me and you, sharing those moments. But then I remember what I did to you, how it was embarassing and the way I felt rejected and lonely when I heard the things you said about me. I wasn't expecting that kind of reaction, I was expecting totally the oppositive, that you would say, in some kind of way, all the things I wish you had said to me long time ago. Because I created a scene that would be perfect for that. And you just turned around and left me alone. I don't know why I still think about you with my heart full of desire, but I still imagine how it would be nice if we were together. But, at the same time, I don't wanna be with you, because of how you treated me before, and how I realised that I wasn't the girl of your dreams, the angel from your nightmares, your burning desire and all this bullshit you have always been to me. It's feels like my heart is almost all distroyed and broken, just resisting from a tiny line, the hopeless hope. Who will break it up? Me? You? Destiny? I wish things wasn't this complicated.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

I'm tired of feeling like I'm fucking crazy

Eu tinha tudo planejado, tudo organizado em arquivos, de A a Z. Codifiquei os mais diversos sentimentos, pensamentos, dúvidas. Diagnostiquei minhas angústias, tratei-as, virei psicóloga antes da hora. Precisava de alguém e, mesmo sabendo que poderia contar com outros, queria ouvir meus próprios conselhos, queria resolver tudo sozinha. Mas parece que quando a gente acha que tem tudo sobre controle, quando os fatos resolvem seguir a trilha dos tijolos amarelos (a qual sempre foi minha preferida), o mundo desanda, vira do avesso. 
Sempre tem que acontecer o inesperado, se não a vida não tem graça. Eu gosto de ser surpreendida, de ter algo a mais remexendo minha cabeça de noite, de ter uma história pra contar (e pra escrever). Realmente, tudo fica mais selvagem, mais espontâneo, não dá pra ter controle sobre tudo. Mas aí acontece o que você sempre evitou, porque sabia que machucaria, que haveria arrependimento. Mas você fez mesmo assim. E agora não vai ser sua psicóloga particular que vai botar tudo de volta nos trilhos, muito menos o seu próprio esquecimento. O que vai normalizar, que vai acalmar esse sentimento de vergonha e arrependimento, é o próprio tempo e os contrastes da vida. Um dia haverá situações piores e pessoas mais importantes pra se ocupar. Aí a organização pode voltar, a codificação e toda essa camuflagem da menina que tem medo de sentir.

terça-feira, 25 de junho de 2013

ódio a fugacidade

A juventude é a mais pura e inocente forma de vitalidade. São as descobertas, o reconhecimento e aquele toque de ingenuidade despercebida, ao achar que já sabemos tudo o que deveríamos saber, sentido-nos adultos antes da hora. A beleza de sentir e compartilhar de tudo com todos, sentir-se especial e diferente em meio a tantos iguais. Discutir por horas a fio algo inútil e desnecessário, fazendo cara de sério e com a intenção de que aquilo precisa ser resolvido pois é muito importante. Ser inconsequente, desajuízado, aprontar, desobedecer as autoridades e sentir-se livre. Liberdade, êxtase da juventude. Ela que dá sentido as nossas vidas. Lutamos por ela, juntos, numa união. Certo dia ficamos velhos e preferimos nos trancar em um apartamento e trabalhar de terno. Porque? Porque a gente esquece de ser livre? A gente se acomoda, é isso. Vê que a vida é difícil, que não vai dar pra sair e badernar pelo resto da vida, aí resolve virar chato e seguir o fluxo. Pensando agora, com meus doces 16 anos, prefiro trabalhar de garçonete do que me entregar pro mundo que meus pais se entregaram. Penso que vou lutar até o final pelo direito de uma vida colorida. Pensando por outro lado, eu posso colori-la como e quando bem entender. O que é dinheiro perto de uma mente azul turquesa? Ah, 16 anos, solte a âncora e fique por quanto tempo quiser.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Eu não sei o que é, como é, porque é. Só sei que nada sei, em relação a tudo, a minha vida, a natureza, ao mundo, as minhas emoções. Sei que eu to sentada de pijama em frente ao confessionário num dia frio, e que a vontade de desabafar é tão grande que quase transborda em choro. Eu sou patética. Gasto tanto tempo com besteira e com pensamentos que não me levam a lugar nenhum... Tenho que me contentar com um "para de ser idiota" ou ficar escrevendo textos quilométricos sobre os mesmos sentimentos e dúvidas e aflições, como num ciclo que me cerca e me impede de respirar ar puro. Vou dormir.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Frustrações volume 1

Hoje vos conto uma história antropológica, desvendando publicamente meu novo sentimento colega, a frustração. Relatos a seguir foram extraídos da raiz do meu coração, meus mais obscuros e não tão ingênuos sentimentos de solidão, decepção e amargura. Quando eu terminar, mande-os para a guilhotina.

Eu ando tão indignada com a situação do mundo que meu dia-a-dia tem sido sinônimo de frustração. Sinto-me presa em uma cadeira elétrica que me manda uma onda de choque diversas vezes ao dia, eu aguento a voltagem pacificamente, repouso os olhos em um ponto da sala enquanto sinto a eletricidade na veia e penso. Penso tanto, discordo tanto, revolto-me tanto, encho meu coração de discórdias e pensamentos revolucionários e isso só me faz mal, pois não tenho onde descontar esses sentimentos. Tenho poucos ao meu lado que aceitariam ouvir minhas indignações e o pior, sinto-me incapaz de mudar e revolucionar o que eu tanto preciso que seja mudado.
O mundo, que antes estava do avesso e de ponta-cabeça, hoje aponta em todas as direções. Meu coração enche de orgulho ao ver todas essas revoltas e manifestações acontecendo em um país que já não via a luz do sol, não sei se estamos no caminho certo ou se valerá a pena, mas apenas pelo fato de ter acontecido, de um grande número de pessoas, ex-alienados e passivos, terem levantado do sofá e enxergado que o mundo pode ser um lugar melhor, já é um tremendo avanço. Quanto a isso, eu só tenho a agradecer de joelhos.  Porém, encontro-me em uma condição de dependência dos adultos para quase tudo, e isso só é mais uma barreira para minha incapacidade de lutar pelo que eu sempre acreditei, o que eu sempre discuti e defendi. Tenho que sentar, prender-me na minha casa, tendo como janela para o mundo exterior uma caixa eletrônica de mentiras, enquanto poderia estar nas ruas, tendo aquele sabor doce de liberdade e patriotismo. A vida não é justa, já me haviam dito. Eu só não sabia que a injustiça poderia chegar a esse ponto, no mais íntimo da minha vida, privar-me das mais nobres intuições. As leis da vida não são piedosas com ninguém. Frustro-me.
Não sou o tipo de pessoa que reclama, essa palavra me dá arrepios. Considero-me sortuda por ter a positividade (quase) sempre ao meu lado, sou a favor da conformidade com aquilo que realmente está bom e não precisa ser mudado, visto que são esses objetos os preferidos dos reclamadores de plantão. São eles, famosos por falar muito e não ter nada a dizer, que mais apunhalam meus ideais. Falam mal dos outros pelas costas, mas abrem um sorriso de orelha a orelha quando confrontam essas pessoas. São hipócritas, acima de tudo. Defendem as causas erradas, as que não possuem ligação com seus pensamentos e as que vão contra o que é certo e ético, apenas pelo fato de terem algo diferente dos demais. Não são verdadeiros, nem com os outros nem consigo mesmo. Levam uma vida miserável, como podem perceber. Deixo-me afetar por essas pessoas pois convivo com elas e, mesmo sendo etiquetada como "amiga" por elas, não consigo entrar na onda, não me sinto parte do grupo, não quero ser. Já tive mais intimidade com elas, devo admitir, época em que meu lado filosófico ainda não desabrochara. Por isso a frustração de ver alguém que você gosta/gostou perdendo aspectos em comum com você. É agoniante, dá a sensação de estar perdendo parte da alma e da capacidade de manter amizades. Quando passar, espero que traga apenas alívio, e não saudade ou remorso. 
Tenho o coração preso a uma pessoa que não me corresponde. Sou dependente dela para ter um dia bom. Essa é a maior frustração que um ser humano pode ter, e eu a vivo, todos os dias, das 7 as 17.
Torturo-me com os mais pequenos atos, frustro-me a partir da divergência de ideais que tenho com as pessoas que amo. Não consigo aceitar que a ética é um conceito perdido no vento, e que eu deveria estar restruturando-a, e não lamentando sua perda. Não quero mais ser alvo dessa avalanche de acontecimentos, 2013 já avisou que seria assim. Só estou em choque com o tanto de novidade, não estava preparada. Quero ter a aquela ansiedade de viver de volta, tomaram-na de mim, agora sou só uma pessoa amargurada. Tenho que voltar a buscar apoio nos meus objetivos, e não sair rastejando por aí em busca de piedade e de um sorriso amigo. Tenho que viver por mim, ser mais independente, tanto das pessoas quanto da rotina. Eu faço minha felicidade e minha paz de espírito, e não os outros. Minha paz está em ajudar, tanto a mim quanto ao mundo. O resto é resto.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Dona Maria já estava no seus 89 anos quando teve que ir pela primeira vez ao médico, nada de grave, ela escorregou na rampa de casa e formou um roxo do tamanho da cabeça de Lolita, a cachorra. A filha insistiu durante todo o jantar que o médico só ia receitar uma pomada, e que aquele machucado não sumiria de outra maneira. "Ora, pomada eu tenho meia dúzia na gaveta do banheiro, fico boa em dois dias, médico é perda de tempo". Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, e lá estava Dona Maria, com a sua saia de domingo, vestida com seu traje velório/almoço em restaurante chique e agora com mais uma função, ida forçada ao médico. "Credo mãe, que roupa é essa? Ninguém morreu não". Dona Maria só sorria, respeitava essa geração de medicina social, idas ao médico mais freqüentes que idas ao parque, ato semanal da infância de qualquer criança da época dela. Ela respeitava, mas isso não quer dizer que entendia. Como entender uma pessoa que não sabe pegar ônibus? Que não conhece nem duas ruas abaixo da sua? Que considera shopping como passeio? Dona Maria mal sabia pronunciar shopping, e Deus me livre ter que passar mais de duas horas naquele lugar do capeta. Pra que tanto ar condicionado? Credo. Bom mesmo era sentar na calçada depois do almoço e tomar aquele sol delicioso que dá sono, preparar o café da tarde, visitar os netos, ouvir a radio Cultura e o jornal das 6.
You make me crazy.

paixão utópica

O que eu quero mesmo é pegar na tua mão, entrelaçar meus dedos gelados nos teus. Passar a mão no teu cabelo curto, te olhar nos olhos, acariciar teu rosto, te abraçar e saber que eu nunca mais terei que sofrer, porque tudo que superficialmente eu sempre quis, se encontrava alí, preso nos vãos dos meus braços e colado no meu corpo. Dalí ninguém te tirava, nem por decreto, nem por cima do meu cadáver. O mundo já era um lugar mais bonito só pelos beijinhos, as gargalhadas, os olhares de provocação. O auge da minha felicidade seria naqueles momentos que, ao conversar, a gente sabe que nunca vai existir uma pessoa que transmita essa sensação que você me traz. A gente ia assumir pro mundo nossa felicidade, meu coração estaria a mil todo dia, que nem nas vésperas da apresentação do ballet, alegre, grande e transbordando do que eu tenho de melhor. Eu iria te contar como minha cabeça funciona e todos os mais profundos segredos, aqueles que eu escondo de mim mesma. E você ia estar lá, comigo, sempre.
Mas então, num dia qualquer de Junho, eu ia perceber o quão difícil é de tudo isso acontecer. E o depressor, de cortar os pulsos e pisotear o coração é saber que a verdade só é verdade na minha cabeça, e naqueles sonhos estranhos que a gente tem quando dorme pouco. Minha vida é uma utopia, eu vivo na minha cabeça tudo o que eu queria estar vivendo na realidade. O real é chato e parte o coração. Vou vivendo o quanto der nessa mentira, até alguém resolver cortar as cordas do balão e me ver caindo da estratosfera. Ou se não eu podia mesmo é voar mais alto e ver até onde o mundo é mundo. Só Deus sabe.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Cansei das suas brincadeiras
Peço agora que fale
Me conte seus segredos perversos
Me mostre seu interior
Desdobra-te
Vira-te do avesso
E me deixa ver a fresta do sinal
De que ainda da tempo de
[não desistir

Eu ando triste, sabe
Não me sinto bem
Talvez seja você
Ou talvez seja eu mesma
Eu e minhas incapacidades
Eu e minhas limitações
Eu e minhas decepções
É, talvez seja você.
Se me amasse deveras
Talvez sentimentos de
Ciúmes, solidão
Nem teria eu conhecimento
Minha alma seria dourada
Radiante como sol de domingo
Não queres tu, meu amor
Me ver feliz assim?

sábado, 1 de junho de 2013

Over the hills and far away

As montanhas faziam do horizonte a mais perfeita visão que meus olhos de criança já presenciaram. O mundo ainda era um lugar muito grande, os caminhos já conhecidos eram poucos, o trajeto era simplório. Pouco foi visto, pouco foi experimentado. Por essas razões, aquele era meu lugar favorito, apenas pela forma excepcional em que o sol trocava de cor no entardecer. Os elementos da paisagem se mesclavam e as cores combinavam-se para que aquele momento tornasse-se harmonioso em todas as formas e, de alguma maneira, encantasse um ser humano qualquer que decidisse explorar o que a natureza tem de melhor. Essa mesma natureza que me exuberava com sua beleza e movimentos perfeitos, que subia nessa minha cabeça de criança toda vez que imaginasse um lugar feliz. Criança, criança, criança. Repetirei quantas vezes for necessário, eu não passo de uma criança. Guardo tantas inocências e dúvidas quanto uma criança de dez anos ao descobrir que dinheiro não nasce em árvore, que meninos podem ser bons amigos, que o papai e a mamãe podem ser muito injustos, que o mundo é realmente grande. Ainda estou presa naquele mesmo processo de descobrimentos e por isso, meu caro amigo, essa vista é a mais bonita que eu já vi.

Lonely lonely lonely heart

Eu não sei do que falar mesmo tendo tanta coisa atolada na garganta. Eu quero falar, eu quero transmitir minhas emoções, meu modo de ser, minhas ideias, mas não sai. Parece que eu me sinto pressionada, que tem alguém por aí que me dá medo e me limita. Eu não posso mais viver no básico, eu tenho que extravasar, transparecer. Eu quero que as pessoas comecem a enxergar meus outros lados bons. Ninguém conhece meus dias de felicidade plena, como esse sábado de sol. Elas só conhecem a pessoa confusa e atolada de sentimentos de ciúmes e uma pequena baixa alto estima, que tenta ao máximo não demonstrar o quanto dói o amor não correspondido. Essa mesma pessoa que, dia pós dia, se encontrar numa verdadeira Guerra Mundial com os próprios sentimentos, a fim de engana-los e mudá-los, pois os mesmos a derrubam. Eu não sou isso. Isso é o que as pessoas me tornaram, não é da minha natureza. Eu não tenho com quem contar, não pra isso. Me sinto tão sozinha e dispensável... Porque não posso ser especial, porque não posso ter alguém que corresponda aos meus sentimentos? Será que eu sou importante na vida de alguém, assim como ela é na minha? Não, acho que não.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O mundo passou a girar mais devagar, olho em volta e consigo perceber os mais insignificantes detalhes. Hoje tenho mais controle do que sou, do que sinto, do que quero ser. Mudo as emoções ruins por sinais de afeto e carinho, não desejo mal a ninguém, coloco-me no lugar dos outros e, o mais importante, sou talvez a pessoa mais feliz desse município. Sou feliz mesmo tendo desilusões, decepções, algumas crises de baixa alto estima e ciúmes. Tirei do fundo do baú a formula da convivência em harmonia, e hoje sou o que sou.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Let it be

Meus grandes olhos castanhos abriram devagar, como de quem tem medo de se deparar com a realidade crua e fria da tarde de quarta-feira. Olhei pela janela e o cenário continuava o mesmo, um sol tímido entrando quarto adentro enquanto as cortinas faziam mínimos movimentos por conta do vento do mundo exterior. A vontade irresponsável de fechar os olhos novamente e continuar naquele doce embalo do mundo da preguiça já batia de frente com o meu subconsciente que me mandava fazer algo útil. Quando foi que eu fiquei tão inconsequente? Abri e fechei os olhos, uma, duas, três vezes teimosas enquanto decidia o progresso da tarde. Optei por levantar, a responsabilidade finalmente mostrara o ar da graça. Cambaleei com a visão manchada até o meu quarto, mas eu não queria ir ali. Maldito cérebro.
Desci as escadas enquanto minha cabeça lentamente associava a realidade. Sala, banheiro, cozinha. Finalmente alguma coisa fazia sentido. Abri o armário, peguei uma bolacha com culpa no consciente e a devorei em duas mordidas, saboreando o chocolate como se fosse a chave do meu coração, o segredo do universo. Chocolate fazia sentido. Limpando a mão com farelos na calça do pijama, olhei ao meu redor mais uma vez, me peguei encarando a janela. O que tem lá fora, além do quintal, da casa do fundos, da casa do vizinho, do bairro, das árvores? Porque eu tenho que estar aqui, se eu poderia estar no ar puro do mundo? Baixei a cabeça e encarei meus pés descalços no chão frio da cozinha. Eu sempre amei andar descalça, desde pequena, isso é quem eu sou. Eu canto no chuveiro, eu faço yôga junto com gente de quarenta anos, eu gosto de ler, de escrever, não sou de compartilhar sentimentos nem de acumular energia negativa. Essa sou, sou eu essa. E aí eu paro pra pensar se, tendo uma vida tão cheia de amor pra dar e receber, tendo as condições que eu tenho de ser feliz nesse mundo onde poucos são, porque ainda tem uma frestinha de sofrimento entalado na minha garganta? Porque eu acordo no meio da tarde já chateada pelo meu dia não ter sido como o esperado? Andei pela casa, fui da sala ao banheiro, do banheiro ao quarto, do quarto ao quintal. Eu não sei o que eu quero, me debato internamente de forma que meu coração já não aguenta. Eu seria tão feliz se fosse daquele jeito, e não desse. Mas afinal, a gente não ta sempre procurando alguém pra gente amar, isso já não basta? Eu tenho gente que eu amo em abundância, resta saber se é reciproco. Se não for, deixa ser, porque eu também não mais o amarei de volta. É assim que tem que ser, e pronto.
Juntei minhas tralhas, meus livros, minha música e meu amor e sai mundo afora procurando alguém pra eu dividir tais coisas, mesmo que esse alguém seja eu mesma.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

eloquência tácita

Manda buscar o cimento e o tijolo porque essa semana estarei em reformas. Reformas essas que dói no coração de aceitar que elas são tão necessárias, é que a cabeça gosta de pregar peças na gente, elas iludem minha visão pra parecer que tudo tá certo, que na verdade as coisas são como eu sempre quis, mas não são. E é por isso que eu quero mudar, é por isso que eu vou me reconstruir. Vou passar fita isolante na minha carência, vou parar de beber essa vodca fictícia que faz meus sentimentos delirarem pelo irreal, vou dormir as dez horas de sono merecidas e sonhar com o mar. Meu público vai ser o que tiver à frente, e não ao lado. Distração só se for com o canto dos pássaros. E mesmo que tudo isso for só mais uma fração dessa brincadeira de iludir, que fique claro minha vontade eloquente de mudar o presente.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

new perspective

Meus olhos tentam ao máximo manter o foco do que está a minha frente, no meio tempo meus ouvidos assustados detectam qualquer conversa que comprometa a felicidade do meu coração. Meu cérebro continua me dizendo as mesmas frases de primeiros socorros caso eu venha a ouvir o que eu tanto temia. E o que tanto dói no meu coração. Seria mais fácil se eu simplesmente pudesse construir um muro de concreto ao meu lado, que impedisse casos futuros de decepção. E de angustia. E de saber que aquelas palavras são as mais simples verdade, e que de novo eu sou só alguém cansada, complicada demais para se dar valor, que finge que está bem quando naverdade a dor é tamanha que...
É. De novo eu vou quebrar a cara, de novo o futuro, os meus sonhos, minhas vontades mais inocentes e merecidas vão ser jogadas contra a parede e esquecidas na escuridão. Enquanto eu tento assimilar todos esses pensamentos, eu sinto que alguém ao meu lado está vivendo o que eu lutei por anos, tão facilmente quanto piscar os olhos, sorrir, torcer o cabelo cheio e comprido nas costas, falar baixinho e insinuar. Eu tentei, eu tento. Mas eu não sou isso, eu infelizmente não nasci com o ar da graça de conquistar só por existir.
Mas no final das contas, eu não queria tanto isso, né? Pode ficar. Magina. Não foi nada. Só foram três anos de ilusão, de tentativas frustradas, de choro preso garganta, de ciúmes, de sonhos que eram apenas sonhos. Três anos de sorrisos bobos, de diálogos que nunca existiram, de exaltação e felicidade frenética por um simples abraço, um toque na mão, uma carta de aniversário. Três anos de amizade, e só isso. Eu sei que você quer a mesma coisa que eu, eu sei que você tem a chance que eu nunca tive, eu sei que você ta sentindo a felicidade que eu sempre quis sentir. Então ta, se for pra ser assim, que seja o quanto antes. Eu vou virar a cara, vou fingir que não dói, vou fugir do espaço, vou amar outras coisas. Vou ser eu, vou viver por mim, vou olhar pro que me interessa, vou viver a vida que eu esqueci que existia. Desejem-me sorte.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Vou-me embora pras Maravilhas
Lá sou amiga da árvore,
Lá tem uma muitas ilhas
Pra eu explorar
Vou-me embora pras Maravilhas

Vou-me embora pras Maravilhas
Nesse lugar incrível
Em que a natureza é realmente mãe
Ela cuida de mim e me alimenta e me inventa
Lá o céu é estrelado
Lá as pessoas se dão bom dia
E cada um contribui com o que pode
Para que os dias sempre terminem em coros de amém
Vou-me embora pras Maravilhas

Nas Maravilhas tem tudo
Tudo que é necessário para que meu belo sorriso
Nunca abandone o coração
Eu danço, eu canto, eu me escondo
Eu rolo na grama, eu nado na lama
Lá eu sou amada, lá eu sou irmã
Pulo da cachoeira, colho frutas nas árvores
Cozinho pros meus amigos, dou abraço nos filhotes
A vida nunca foi tão boa, por isso
Vou-me embora pras Maravilhas

E nos momentos que meu coração reclama
Reclama e se parte
E a dor é tão grande que nada mais faz sentido
Penso nas Maravilhas
Porque lá sou amiga da árvore
E lá tenho muitas ilhas
Vou-me embora pras Maravilhas

terça-feira, 26 de março de 2013

O telefone apagou em minhas mãos, segurei-o criando forças para que os inúmeros erros cometidos, em menos de vinte minutos, fossem devidamente arrumados (e desculpados). Como é que pode uma única pessoa sentir tantos sentimentos em tão pouco tempo? É ciúme, é amor descontrolado, é medo, é decepção, é preocupação exagerada... É tudo em excesso. Pra alguém que tenta ao máximo viver na simplicidade, eu até que levo uma vida bem descontrolada. Disquei o número, posicionei-o na orelha com as mãos tremulas e a cabeça totalmente indecisa nas escolhas das palavras. Se foi eu que compliquei a situação, eu é que vou botar tudo de volta nos trilhos.
-Alô, mãe? Oi...estou te ligando pra pedir desculpa.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Minha alma é vazia
Tingi-a de negro, chamei-a de nada
Meus olhos transbordam as mágoas que já não
                                                                       [entram
E já não mais há espaço para elas
E o tudo faz sentido como o nada
A queda não devia ser tão dolorosa
Tiro agora minha licença poética,
porque esse tipo de sentimento requer um
                                                               [poema
Por mais fugaz, por mais carente
Continua sendo o sentimento preferido
                                                          [dos poetas
Hoje perdi um fragmento do meu coração
Esse fragmento tinha nariz, boca, olhos
E que belos olhos...
Castanhos como a tempestade
E ao memso tempo, como a doçura e
inocencia dos olhos das crianças
Uma eterna criança era ele
Meu amor, meu amigo
Me chame de bússola, me mostre o caminho
Que já não vejo
Já não me vejo
Já não sei
Uso desculpas para fugir das responsabilidades
Inverto princípios, faço chuva no dia ensolarado
Sou brisa marítima no deserto
Só me ajude...

segunda-feira, 11 de março de 2013

Todo mundo gosta de ter um trabalho reconhecido, de receber um carinho na cabeça e um elogio de vez em quando. Mas há uma diferença dos que apreciam um elogio sincero e merecido e dos que exigem essa atenção especial. São essas mesmas pessoas que falam mais alto que os outros, exibem suas conquistas de peito aberto em troca de um sorriso ou frase de reconhecimento, são os denominados carentes. Eu não quero me sobrepor a ninguém, não quero parecer uma carente de atenção, isso é feio e incomoda. Ninguém é melhor que ninguém. Nunca exija nada dos outros, faça as coisas por você, caso ao contrario a vida vira uma grande desilusão. Elogie se tiver vontade, se realmente for algo especial pra você, falar por falar só serve pra enganar os outros em relação a sua própria personalidade.

sábado, 2 de março de 2013

papo interno

As vezes eu acho que estou cada vez mais no fundo do poço, o poço frio e molhado com uma mínima fresta de luz do dia. Eu tive um sonho, e esse sonho me mostrava totalmente sem esperança e com uma vida sem realizações. Não consigo seguir minha dieta, não estudo do jeito que devia estar estudando, continuo me iludindo amorosamente, faço coisas que me trazem arrependimento, não consigo dormir nem descansar, tenho momentos de mau humor completo e de felicidade frenética. Nada está equilibrado, nada está do jeito que deveria estar. Não tenho mais controle da minha vida, ela agora está sendo guiada pelas rédeas da minha falta de juízo. Eu não quero isso. O mínimo de sanidade ainda está vivo, e vou fazer com que isso seja a minha força para reerguer, começando pelas tarefas mais fáceis para as mais difíceis. Peço desculpas, Luísa "que eu tanto amo e que tanto machuquei", prometo que isso não vai se repitir.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Eu amo.
Amo amar alguém.
Amo ter pelo menos um amigo verdadeiro.
Amo dar muita risada.
Amo ficar animada.
Amo saber que vou me divertir numa sexta a noite.
Amo minha família.
Amo fazer yôga e ballet.
Amo achar bandas novas e legais.
Amo Beatles.
Amo o Freddie Mercury.
Amo saber que essa lista vai ficar maior que a outra.
Amo frio.
Amo vento e chuva.
Amo ler e saber que eu gosto de ler.
Amo escrever.
Amo história e literatura.
Amo musicais.
Amo sair com os meus pais.
Amo comer fora.
Amo saber que a minha mãe é incrível.
Amo gostar de assuntos ligados a filosofia e sociologia.
Amo conversar sobre o universo, vida e natureza.
Amo brisas frescas nos dias quentes.
Amo viajar.
Amo ir no aeroporto.
Amo comprar roupa.
Amo ir em shows.
Amo piscina.
Amo doces.
Amo receber elogios.
Amo saber que eu penso diferente da maioria das pessoas.
Amo beijar.
Amo abraçar.
Amo perfume.
Amo ficar descalça.
Amo tomar chuva.
Amo quando as pessoas se interessam pelo o que eu falo.
Amo cantar.
Amo a internet.
Amo comer.
Amo achar coisas que eu gosto na internet.
Amo amar os detalhes.
Amo saber que eu tenho uma consciência maior das coisas.
Amo Natal.
Amo Deus.
Amo deitar no ombro das pessoas.
Amo me sentir bem e feliz.
Amo roupas confortáveis.
Amo romances.
Amo estar quase sempre de bom humor.
Amo quem sou.
Amo.
Odeio drama.
Odeio os dias solitários e a sensação de um coração se dissolvendo no meu corpo, feito água.
Odeio os dias em que o azar parece uma bola de neve descendo o morro que bate nas minhas costas e atropela todo meu bom humor.
Odeio sentir ciúmes.
Odeio me sentir incapacitada.
Odeio saber que alguns amigos não são mais amigos.
Odeio os momentos em que tenho que fingir ser alguém que eu não sou, só para manter amizades.
Odeio não ser correspondida.
Odeio não conseguir corresponder aos outros.
Odeio meus conflitos internos.
Odeio os dias quentes demais.
Odeio o uniforme da escola.
Odeio me sentir gorda.
Odeio me imaginar sozinha no mundo.
Odeio essa sensação de choro preso.
Odeio não ser simpática.
Odeio me apegar as coisas e as pessoas.
Odeio me sentir fora de alguns assuntos.
Odeio ser esquecida.
Odeio não ser ouvida.
Odeio não receber valor.
Odeio ter medo de não passar no vestibular.
Odeio o jeito como a sociedade vive.
Odeio que não deem valor a natureza.
Odeio gente hipócrita.
Odeio as vezes ser hipócrita.
Odeio quando meu dia passa de muito bom para desastre total.
Odeio o modo que esse medo as vezes atrapalha a minha vida.
Odeio pagode e sertanejo.
Odeio quando minha mãe canta no carro de manhã.
Odeio a sensação de que perdi meu tempo.
Odeio bloqueios de criatividade.
Odeio não poder ter tudo o que eu quero.
Odeio não conseguir me destacar dos outros.
E eu odeio, acima de tudo, permitir que coisas inúteis como essas estraguem o meu dia.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Por fora, mais básica que azulejo branco, por dentro, uma combinação de arte surrealista com campos ensolarados e brisa marítima. Não sei o que é, não sei se um dia vou descobrir. É a palavra confuso e indecifrável com letra maiúscula escrito em três línguas diferentes. Mantenho a fé de que um dia o nó vai se desfazer, e aí tudo vai ser claro e tranquilo como domingo de manhã. Enquanto isso, vivo numa mistura de sentimentos (especialmente o bom e velho ciúmes) mascarados, perguntas sem respostas, valores renovados e olhos bem abertos. Minha mente é que nem coração de mãe, sempre cabe uma ideia nova, sempre tem espaço pra acolher e entender as mais incomuns sugestões, e me orgulho muito disso, obrigada. Dizem que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira. Aí eu me pergunto, será que eu to me enganando? Não estou generalizando o contexto, falo agora de um assunto único, aquele que mexe com o meu subconsciente de uma maneira extremamente inquietante e ridícula. É, sinto chegar na conclusão que muitas vezes disse que tava tudo bem quando não tava. Fingi ser indiferente quando na verdade meu coração resmungava. E isso é um saco, revoltante, uódoborogodó.
Me despesso aqui. Só quis deixar marcado mais uma interpretação sobre essa pessoa que eu tanto insisto em entender.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

desabafo número 3

A porta dos fundos bateu com força atrás de mim enquando descia a rua rumo ao lugar chamado Qualquer. Olhei rapidamente para trás, com o receio de que a minha mãe viesse atrás de mim reclamando novamente do barulho feito com a porta, falta entender que está fora do meu alcance controlar uma coisa chamada vento. Felizmente, ela deixara passar esse meu "ato de rebeldia", continuei andando. Era só mais um dia nublado, mais um dia com o sol marcado prás 6:30 da manhã, chuva torrencial no meio da tarde, trovoadas a noite. Era exatamente assim que as semanas tem se passado nos últimos meses, e eu simplesmente não via nada de errado com o tempo tristonho, ele me entendia de alguma maneira.
Enfiei minhas mãos branquelas e geladas no bolso do moletom, fazia frio. Queria passar despercebida pelos vizinhos e corretores de plantão, mas alguém passeando na garoa em plena quarta feira a tarde é algo que, de alguma forma, chama a atenção. Continuei no meu caminho, encarando os tênis all star destruídos pelo tempo. Me sentia uma idiota por ter medo de comprar tênis novos, aliás, tinha medo de compras, de gastar dinheiro a toa. Vai ver eu dou valor demais pras coisas que eu tenho, to errada? Os consumistas compulsivos, se vissem o estado de algumas roupas e tênis meus, provavelmente desistiriam da vida. Eu era assim mesmo, achava difícil largar o que um dia me fez tão feliz, mesmo se renovar fosse a melhor escolha.
Sentia meu corpo pesado, queria sentar. Escolhi a calçada aparentemente mais seca, próxima a uma árvore, recostei minhas costas e deixei cair a cabeça, cansada. Não fisicamente, entendam. Meu cansaço era outro. Era cansaço de um coração que aflingia uma dor, uma dúvida, um sentimento obscuro reprimido por puro medo. Era cansaço de ter muito a que organizar, a que decidir. Era cansaço de amores não esquecidos, de amigos que já não pareciam mais amigos, de ter apenas uma certeza na vida, e o resto parecer apenas resto.
Uma coisa que eu aprendi nas minhas abençoadas aulas de yôga, era sempre tentar ver o lado simples das situações, não importa qual. Acho que essa é uma lição que eu vou levar pra vida toda. Não tem porque sentir remorço, mas não há como negar que esse conhecimento cairia muito bem há algum tempo atrás. Enfim, deve ser por isso que eu tanto evitei encarar essa sensação que eu tenho tido. Prefiro entende-la como uma comprovação de que estou finalmente pondo princípios na minha vida.
Meus olhos se perderam na parede do sobrado da frente. As malditas vozes da minha cabeça deram novamente o ar da graça e me bombardeavam com tristes verdades que eu tentara evitar na última semana.
"Você ainda sente alguma coisa por ele." Eu sei.
"Vocês não são mais tão amigas." Eu sei.
"Você tem ciúmes dos dois." Eu sei.
"Você não faz tanta diferença." Eu sei.
"O futuro vai te esmagar se você não mostrar o seu melhor agora." Eu sei.
Infelizmente, verdades não vão deixar de ser verdades até que você as mude. Talvez eu não queira mudar todas. Talvez era pra ser assim mesmo. Dói agora, eu sei que dói. Mas não vai ser pra sempre, a dor nunca é.
Enquanto algumas coisas parecem ter saído do trilho, outras parecem ser potes de ouro no final do arco íris que eu acabei de encontrar. Eu acho que eu to sonhando. Se começar a chover, não me acorda.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

People. I love and hate them at the same time. What's the meaning of people to me? Company, first of all. They are always there, they are everywhere, even on the days that you feel lonely, just try to look around and see how many lifes are with you, at the same space, time, moment. Living and breathing, just like you do every single day. And I can swear you will feel even more lonely. They are like that, some of them you don't know the name or their story, some you do know but you don't care, some you think you know but they are fucking different than you imagined, and there are the ones you wish you could know. People are in 99% of presence in your life. They create you, they live along with you, they make you cry, laugh, think, learn, they teach you how to live. And in the end, they too have the power to end with all of that. Why I hate them? Because they are destroyers. Passing thru whatever, or whoever, is on the way. They kill the nature, the feelings, your hopes, the city, the culture, love. On and on, just like that. Fortunely, life has the power to recreate, that's why I'm here. I'm the people, the people are me. But there is a difference between us, I don't want to be part of the people forever. I want to think by myself, and from that I'm not gonna be just another destroyer, just another company. I want to be free. Sometimes I really want to rip this society idea of beauty, of lifestyle, of what being original means. It looks so wrong... it feels like everyone is just...the same. It scares me, I don't want to be part of these mass of brainless heads. I just don't want.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

desejos de ano novo atrasados

Eu nunca quis tanto na vida que a frase "tudo que vai, volta" fosse verdadeira. Estou na expectativa que os esforços que faço hoje, as coisas que abro mão, sejam recompensadas no futuro. Se for pra pedir alguma coisa pra Deus, hoje, no dia 7/2/13, eu pediria um ano repleto de mudanças boas e realizações. Que eu me surpreenda. Amém.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

1 2 3 testando

Luna desceu correndo as largas escadas que a levavam em direção a sala número 3,75. Estava atrasada de novo. Enquanto corria, rastros de pergaminho e penas enfeitiçadas rolavam de sua mochila, sendo obrigada a agachar-se no meio do corredor para recolher o material, deixando cair outros tantos. Era a terceira vez na semana que ela se atrasava pra aula de Runas Antigas, a professor Stanks, acostumada com essa mania de Luna, já deixara marcado em seu livreto cor de rosa futuras detenções que a menina viria a cumprir. Ela entrou na sala ofegante, as bochechas naturalmente rosadas agora estavam escarlate por conta da correria.
- Desculpe, professora Stanks, isso não ira se repetir...
A professora não se deve ao trabalho de responder, apenas acenou com a cabeça em direção a carteira vazia ao lado de Jeremy Owl, o loiro baixinho da Sonserina. Boatos diziam que nas férias de verão, Jeremy viajava para Dextonuius, a vila bruxa mais movimentada do Reino Unido, e lá se hospedava como convidado de honra no luxuoso hotel do Ministério. Luna o olhou com seus grandes olhos claros, de uma maneira que parecia escanea-lo. O menino percebeu e escondeu o riso enquanto ela acomodava seus livros rabiscados em uma pilha na mesa.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O que aconteceu com a vitalidade? Ela se esvairou pelo vento junto com as minhas certezas. Hoje eu me olho no espelho e sinto frio na barriga. Não sei como o dia vai ser, se vou ter minhas opiniões chacoalhadas por essa onda gelada de informação que me derruba a cada dia ou se vou simplesmente sentar na segunda fileira de carteiras, ao lado de desconhecidos, e digerir o conteúdo como uma boa menina. Sem conversa, sem sorriso, sem cantoria, por favor. Você ta triste e não sabe porque? Bom, não é hora de sentimentos paralelos, copia o que ta na lousa. Eu só queria que as coisas fizessem sentido. Eu só queria fazer a profecia, e não desvendá-la. Eu só queria que fosse mais simples, como fazer brigadeiro, pintura a dedo, desenhos na manhã de domingo. Porque o "ir direto ao ponto" não é mais valorizado? Diz que me ama, que me odeia, mas não olha pra mim como uma incógnita indecifrável. Eu só sou uma pessoa complexa que quer compreender.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Eu tenho que parar com essa vontade de tentar fazer com que as pessoas se tornem menos "erradas" pro meu ponto de vista. É difícil aceitar a individualidade das ideias de cada um, apesar de muitos parecerem que colocaram o cérebro no coador de café, ou que um bloqueio foi construído ao redor dos olhos, sendo apenas possível enxergar o que mais os agrada. Parece errado, mas eu não devo interferir. Eu fico abismada vendo o quanto algumas pessoas são diferentes de mim, que não conseguem enxergar as coisas que eu enxergo. Não quero me sentir superior, mas me sinto tão aliviada de não ser que nem elas... O que eu devo fazer? Continuar nessa vigilância, as vezes agindo como se eu fosse uma igual, deixando de falar muita coisa por medo de parecer chata? Intelectual exibida? Eu não sou chata, muito menos intelectual. Eu só tenho uma fascinação maior pelo jeito que eu vejo o mundo e o comportamento das pessoas, e me sinto enganando a mim mesma ouvindo a opinião dos outros e reagindo com um olhar de compreensão. Eu não compreendo. Eu quero falar o que eu sou, o que eu penso, mas ao mesmo tempo não quero incomodar. Será que eu incomodo?

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

uma menina aí

Um solo de guitarra ecoava na televisão do andar de baixo enquanto a menina dos olhos perdidos encarava o teto em busca de respostas. Ela sabia o que fazer, já traçara a rota no mapa e já fizera planos na sua cabeça assim que teve oportunidade, ela tinha essa mania de preparação e arrumação da própria vida. Se sentia perdida com frequência, especialmente naqueles dias de mormaço, dias em que a casa era vazia e silenciosa, com as poucas pessoas que habitavam nela perambulando pelos quartos feito almas penadas, ou fazendo curtas viagens quarto-cozinha, cozinha-quarto. O futuro é incerto, pensava ela. Como vou saber se as minhas escolhas são as melhores? Tenho que me preparar, alguém me puxa dessa cama. E lá ia ela, a procura de livros e revistas. Pesquisar a acalmava, estar na corrida atrás do que era importante a deixava tranqüila e feliz. Pelo menos estou fazendo algo, murmurava pra si mesma enquanto abria o grande almanaque das profissões, que prometia lhe dar uma opção de uma vez por todas. Se ela ao menos conseguisse manter uma rotina, trabalhar duro todos os dias em busca do que queria, ela com certeza não estaria lamentando pelo 1 mês e meio perdidos, que deveriam ter sido usados de forma mais inteligente. Não vou dizer que esse período foi em vão, porque não foi. Ela havia ganhado alguma coisa. Ela havia amadurecido, e isso é uma coisa que não dá pra pesquisar antes e se preparar, simplesmente vem com o tempo e na hora certa, especialmente quando você menos acha que vai precisar. É, podemos dizer que a menina dos olhos perdidos usou esse período não da forma que queria, mas da forma que precisava.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

adoçando a vida com bolo e romances

-Fica mais um pouco...- Eu disse com a minha voz baixinha e manhosa já antes praticada. -Faltam ainda dois filmes do Harry Potter pra gente assistir, e você prometeu que ia comer um pedaço do meu bolo. - Além da vozinha, agora eu sorria ligeiramente e erguia as sobrancelhas, apenas para completar o pacote "convencendo o moço a não ir embora".
-Você sabe que eu gosto muito de Harry Potter, mas assistir todos os filmes na mesma tarde é pedir demais..- ele falava com os olhos perdidos no cabelo vermelho-alaranjado do Rony Weasley - Agora que eu reparei, o Rony tem tetinha.
-É verdade...são maiores que as minhas.
Ele olhou pra mim com cara de desconfiado.
-É, é verdade.- soltando um risinho tímido, passando os braços pelo meu ombro e me puxando prum abraço - Mas mesmo assim sou mais você. - colocou ambas as pernas na mesinha de centro da sala - Não gosto de ruivos.
A gente ta nisso há um mês. Mas antes disso, nós eramos amigos, claro. Ele é a pessoa mais sincera que eu conheço, pode ser burrice de acreditar, mas eu concordo com tudo o que ele diz. Talvez eu seja ingenua, mas talvez eu confie tanto nele que acabo aceitando as verdades mais cruéis e absurdas que possam existir, como o Rony Weasley ter mais peito do que eu.
Nós temos muito em comum, temos o mesmo gosto musical e isso já é meio caminho andado. Os caras mais legais gostam de rock, isso é uma verdade universal. Mentira, não é, mas podia muito bem ser. A gente conversa sobre a vida, sobre a natureza, sobre religião, sobre atitudes, sobre amor. Sabe quando dizem que a vida só faz sentido quando achamos a outra parte da nossa laranja? Bem, você já peguntou pra alguém qual que era o sonho dela, e ela disse "ser uma laranja inteira"? Eu nunca conheci alguém que quisesse ser uma laranja. Me contento em ter alguém que se encaixe nos meus valores.
-To com fome, amor.- ele tinha acabado de acordar de um cochilo no meu ombro - quero experimentar seu bolo.
-Só agora que você quer né, folgado. Vai lá buscar comigo, minha mãe não gosta que eu coma na sala.
-Ah que preguiça...ta bom, só porque eu amo bolo de chocolate.
Ele me pegou pela mão e me puxou rumo a pequena cozinha do meu apartamento menor ainda. Ele me sentou na bancada e foi rumo a geladeira.
-Tá aqui dentro né...ah, achei. Nossa, quem foi que comeu tudo isso? Você fez ontem! 
-Meu pai, ele come pra caramba.
-Por isso que eu gosto tanto dele.
Ele foi pegando os talheres e pratos como se fosse a cozinha da casa dele. Como já disse, nós eramos amigos antes disso, e ele vivia na minha casa, conversava com a minha mãe e assistia o jogo com o meu pai. Nós eramos namorados antes mesmo de sermos realmente namorados.
-Fazer bolo de chocolate é que nem viver, sabia? - eu disse a ele, já prevendo um olhar de interrogação estampado em seu rosto. Logo voltei a explicar. - Você precisa aprender com alguém primeiro, pra depois fazer sozinho. Ninguém nasce sabendo fazer bolo, não é verdade? É que nem a vida, uma hora ou outra a gente precisa de conselhos e ajudas externas pra aprender. Não é só com erros que se vive.
-Que metáfora inteligente, amor. Nunca pensei nisso. -ele ia cortando pedaços irregulares de bolo e servindo nos pratos. - Espero que alguém um dia me ensine a fazer bolo -e me deu o prato na mão e sentou ao meu lado na bancada. -Ta uma delícia isso aqui -disse com a boca transbordando de chocolate e os dentes totalmente sujos.
-Você não fica bonito falando com comida na boca, tá. Come primeiro e depois fala, pelo bem da humanidade.
-Ta bom -disse rindo.
Nosso namoro era discreto. A gente não ficava de nhenhenhe pra cá, nhenhenhe pra lá. Quem olhava dizia que não passava de amizade. Era quase isso, só que com benefícios a mais. Não era um amor intenso...não. Era duas pessoas que se conheciam muito bem. Era aconchegante, um alívio. Era confiança, papo furado, mãos dadas. Um beijo ou outro, uma mão aqui e outra acolá. Era inverno, era reconhecimento. Tardes nem um pouco solitárias assistindo televisão, bolo de chocolate, risos no canto da boca, olhares manhosos, seduções. Não era amor, era melhor.
Nesse meio tempo, nós já estávamos encostados na parede da cozinha conversando aos cochichos, os pratos esquecidos em cima da pia. 
-Eu preciso ir embora agora...-ele tentava ir embora enquanto eu beijava seu rosto e passava a mão nos seus cabelos.-talvez eu pudesse ficar mais...não, é aniversário do meu vô, preciso ir.-me beijava mais uma vez - É sério, olha pra mim. -segurou delicadamente o meu rosto, fazendo meus olhos encontrarem os dele -tenho que ir, te ligo mais tarde. Te amo menina.
Saiu calçando os tênis deixados perto da mesa do telefone e bateu a porta levemente. Fiquei ali parada revivendo na cabeça esse último momento, aceitando esse meu estado de paixão cega, surda e muda. Eu sabia da minha condição, sabia que mergulhara de cabeça nesse romance com o meu melhor amigo. Eu nunca quis estar dependendo tanto de alguém pra ser feliz, nunca quis estar perdidamente apaixonada. Agora eu só deixo na mão do destino decidir meu futuro incerto. Eu to nas nuvens, que pelo menos a queda não seja tão dolorosa (ou até que nem venha).

Tenho uma admiração muito grande por aqueles que utilizam a arte como forma de expressão. Já deixo claro que arte para mim não é apenas a pintura e os desenhos, e sim todas as formas que o ser humano é capaz de transmitir uma sensação ou ideia para as outras pessoas, seja em forma de dança, música, poesia, escrita e até mesmo a fala, a conversa. É tão bonito e inspirador essa habilidade de mostrar o seu pensamento, que a principio é algo preso e inacessível,  para aqueles que tem curiosidade de entender. É como contar uma história, daquelas que te cativam e te fascinam, e quando você menos da conta ela está  formada na sua cabeça em imagens e sons. É claro que essa habilidade nem todos possuem, apenas pessoas nascidas com esse traço de alma artística, não necessariamente um dom, mas sim uma curiosidade mais aguçada, uma vontade maior de entrar mais adentro nesse mundo e, quem sabe, ficar um tempo por lá.
Eu me considero uma pessoa mais para observadora do que para expressionista. Não fico na espreita vigiando o que os outros fazem, não, ainda bem. Eu apenas procuro entender mais sobre os assuntos e formo minhas ideias sobre ele, e ao invés de expressar essas ideias em forma de arte (que eu tanto admiro essa capacidade) na maioria das vezes eu simplesmente mantenho ela arquivada nos meus pensamentos, caso algum dia sinta vontade de usar. A minha vontade é contraria desta, por mim eu saia mundo a fora compartilhando minhas ideias com as pessoas e também ouvindo o que elas tem a dizer, trocando pensamentos e nunca, jamais, jogando conversa fora. As vezes é a falta de pessoas no mundo com vontade de ter papos cabeças, ou as vezes eu me expresso melhor na forma de outra arte: a escrita. De fato isso acontece, mas não vou dizer que isso acontece de maneira inspiradora que eu gostaria que fosse. Eu dou o meu melhor. Eu sei que não escrevo do jeito que gostaria que escrevesse, mas será que um dia vou atingir essa minha ambição? E se meu "dom" não for esse? Será que eu to certa em guardar minhas filosofias pra mim mesma?
Porque eu tenho que admirar tanto quem é artista e desejar ser uma, se eu nem sou boa do jeito que eu queria que fosse? É uma linha de perguntas que só levam a uma desilusão maior do que eu queria ser e não sou.
As vezes faltam palavras para descrever as minhas sensações, as vezes eu queria ser menos rala nas minhas frases. Esse texto ficou confuso e sem uma conclusão, assim como tudo na minha vida. Não vou arruma-lo, apesar de o mesmo merecer uma boa edição. Só pra deixar marcado essa minha linha de raciocínio que apesar de estar incompleta, já é um começo. Peço desculpas se deixei alguém confuso.