sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Primórdio

É interessante essa fase da vida onde a gente começa a descobrir a si próprio e ao mundo, reconhecendo fatos que sempre estiveram presentes, mas que na infância eram totalmente passados despercebidos. Assisti o filme da Barbie alguns meses atrás, foi um desses ataques de nostalgia e carência daquela sensação de tranquilidade, onde tudo parecia, e era, simples. Enquanto eu assistia e ao mesmo tempo relembrava essa sensação maravilhosa, fui percebendo o quanto eu tinha mudado. Não tem nenhuma ligação a nostalgia com essa sensação, porém de qualquer forma, mergulhada em pensamentos sobre a infância e ligando um acontecimento ao outro, cheguei nessa conclusão.
Eu era uma pessoa muito diferente a um ano atrás, mais precisamente antes das férias de Julho, era uma pessoa menos preocupada. Eu levava uma rotina precária e com muito tempo livre, "estudando" de manhã (10% da aula era o que eu ouvia, no tempo restante eu ficava fazendo outra coisa, já irei comentar sobre isso) e fazendo o curso de inglês de tarde, tudo isso de uma forma muito meia-boca e, como já foi dito, despreocupada. Eu era mais tímida, mais quieta, mais presa. Sempre fui inteligente e pensativa, mas na época era tudo de uma forma muito ingênua. Nunca brigava com as minhas amigas pois não via mau nelas, não conversava com os meninos porque eu tinha vergonha, não saia de sexta a noite porque não tinha lugar pra ir e ninguém organizava nada. Isso era a minha vida e eu não via nada de errado nela. Bom, pularei o mês de Julho e Agosto porque o que aconteceu comigo nesse período de tempo requer mais tempo de reflexão e talvez uma outra postagem sobre o assunto. Eu quero chegar no período onde eu percebi que eu havia mudado, e foi quando começou a época em que eu chamo de "turbulência", a qual ainda estou passando. A turbulência nada mais é do que o choque de pensamentos obscuros que eu tenho com mais frequência nos períodos de carência do mês (vulgo TPM), e que pode ser resumido em: as pessoas me irritam e meus amigos me decepcionam, o que é o mundo, futuro me deixe em paz, será que sou boa o suficiente, quero ser especial, porque ninguém me quer, entre outras questões depressivas. Eu não sei dizer com precisão porque eu penso tanto, talvez a culpa seja do fato de eu raramente botar tudo isso pra fora e a  minha falta de capacidade de expressão.
Esse texto está servindo como desabafo e é assim que eu pretendo começar a minha retomada na escrita: colocando tudo o que eu sinto em forma de palavras para que eu consiga organizar a minha vida. Eu tenho essa mania de organização de rotina, que é outra coisa que me irrita e que surgiu depois dos dois meses que eu pulei no paragrafo acima. A única coisa que eu tenho certeza no momento é que eu sou e estou com a cabeça confusa e delirando por uma vida mais simples. O que a vossa senhoria do júri (o qual eu temo que seja eu mesma) precisa saber é que eu to doida pra falar de um assunto e que até agora eu só empurrei com a barriga. O fato é que eu já falei demais e percebi que esse assunto tão esperado requer outra postagem especialmente para ele, sem delongas. Então eu termino aqui a primeira parte desse processo de desabamento, e espero que o próximo seja mais fácil de contar.