quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sambando na cara do subconsciente

Alice gosta de Paulo. Alice não só gosta de Paulo, mas sente algo muito intenso e complicado. Alice e Paulo eram conhecidos de longa data. Um dia o destino quis dar uma remexida na vida de Alice e fez com que Paulo sentasse ao seu lado no colégio. Alice gosta de Paulo, Paulo não demonstra sentimentos. Alice quer que o colégio seja de segunda a segunda. Paulo falta nas aulas. Alice suspira, ouve músicas românticas e se corrói por dentro. Nunca teria o seu Jack, nunca seria Sally de ninguém.
Passaram-se anos. Alice gosta de Paulo. Paulo gosta de música, de filme, de dormir. Alice quebrou o coração. Milhões de vezes. Paulo admirava Ana, falava da Cláudia, pensava na Laura, gostava da Flávia. Paulo ia a festas, lia livros, ria, chorava, seguia linearmente na trilha da vida. Alice subia e descia na montanha russa descontrolada e não via a hora de descer.
Alice acordou num dia ímpar do mês e decidiu que nada daquilo valia a pena. O coração do ser humano não foi programado pra poluir-se de ódio, ciúmes, tristeza. Ele foi feito pra amar, amar certo. E foi assim que o laço que unia o passado ao presente foi cortado. Alice levantou da cama, corajosa. Aquele seria seu renascimento, a vida como deveria ser, viver por si só. Amar os outros, acima de tudo, e não sofrer por eles. O amor move o mundo, e não a lamentação por não ter Pedro. Pedro era legal, era bonito, simpático, inteligente. Mas cá entre nós, o João era muito mais interessante.

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