terça-feira, 25 de junho de 2013

ódio a fugacidade

A juventude é a mais pura e inocente forma de vitalidade. São as descobertas, o reconhecimento e aquele toque de ingenuidade despercebida, ao achar que já sabemos tudo o que deveríamos saber, sentido-nos adultos antes da hora. A beleza de sentir e compartilhar de tudo com todos, sentir-se especial e diferente em meio a tantos iguais. Discutir por horas a fio algo inútil e desnecessário, fazendo cara de sério e com a intenção de que aquilo precisa ser resolvido pois é muito importante. Ser inconsequente, desajuízado, aprontar, desobedecer as autoridades e sentir-se livre. Liberdade, êxtase da juventude. Ela que dá sentido as nossas vidas. Lutamos por ela, juntos, numa união. Certo dia ficamos velhos e preferimos nos trancar em um apartamento e trabalhar de terno. Porque? Porque a gente esquece de ser livre? A gente se acomoda, é isso. Vê que a vida é difícil, que não vai dar pra sair e badernar pelo resto da vida, aí resolve virar chato e seguir o fluxo. Pensando agora, com meus doces 16 anos, prefiro trabalhar de garçonete do que me entregar pro mundo que meus pais se entregaram. Penso que vou lutar até o final pelo direito de uma vida colorida. Pensando por outro lado, eu posso colori-la como e quando bem entender. O que é dinheiro perto de uma mente azul turquesa? Ah, 16 anos, solte a âncora e fique por quanto tempo quiser.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Eu não sei o que é, como é, porque é. Só sei que nada sei, em relação a tudo, a minha vida, a natureza, ao mundo, as minhas emoções. Sei que eu to sentada de pijama em frente ao confessionário num dia frio, e que a vontade de desabafar é tão grande que quase transborda em choro. Eu sou patética. Gasto tanto tempo com besteira e com pensamentos que não me levam a lugar nenhum... Tenho que me contentar com um "para de ser idiota" ou ficar escrevendo textos quilométricos sobre os mesmos sentimentos e dúvidas e aflições, como num ciclo que me cerca e me impede de respirar ar puro. Vou dormir.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Frustrações volume 1

Hoje vos conto uma história antropológica, desvendando publicamente meu novo sentimento colega, a frustração. Relatos a seguir foram extraídos da raiz do meu coração, meus mais obscuros e não tão ingênuos sentimentos de solidão, decepção e amargura. Quando eu terminar, mande-os para a guilhotina.

Eu ando tão indignada com a situação do mundo que meu dia-a-dia tem sido sinônimo de frustração. Sinto-me presa em uma cadeira elétrica que me manda uma onda de choque diversas vezes ao dia, eu aguento a voltagem pacificamente, repouso os olhos em um ponto da sala enquanto sinto a eletricidade na veia e penso. Penso tanto, discordo tanto, revolto-me tanto, encho meu coração de discórdias e pensamentos revolucionários e isso só me faz mal, pois não tenho onde descontar esses sentimentos. Tenho poucos ao meu lado que aceitariam ouvir minhas indignações e o pior, sinto-me incapaz de mudar e revolucionar o que eu tanto preciso que seja mudado.
O mundo, que antes estava do avesso e de ponta-cabeça, hoje aponta em todas as direções. Meu coração enche de orgulho ao ver todas essas revoltas e manifestações acontecendo em um país que já não via a luz do sol, não sei se estamos no caminho certo ou se valerá a pena, mas apenas pelo fato de ter acontecido, de um grande número de pessoas, ex-alienados e passivos, terem levantado do sofá e enxergado que o mundo pode ser um lugar melhor, já é um tremendo avanço. Quanto a isso, eu só tenho a agradecer de joelhos.  Porém, encontro-me em uma condição de dependência dos adultos para quase tudo, e isso só é mais uma barreira para minha incapacidade de lutar pelo que eu sempre acreditei, o que eu sempre discuti e defendi. Tenho que sentar, prender-me na minha casa, tendo como janela para o mundo exterior uma caixa eletrônica de mentiras, enquanto poderia estar nas ruas, tendo aquele sabor doce de liberdade e patriotismo. A vida não é justa, já me haviam dito. Eu só não sabia que a injustiça poderia chegar a esse ponto, no mais íntimo da minha vida, privar-me das mais nobres intuições. As leis da vida não são piedosas com ninguém. Frustro-me.
Não sou o tipo de pessoa que reclama, essa palavra me dá arrepios. Considero-me sortuda por ter a positividade (quase) sempre ao meu lado, sou a favor da conformidade com aquilo que realmente está bom e não precisa ser mudado, visto que são esses objetos os preferidos dos reclamadores de plantão. São eles, famosos por falar muito e não ter nada a dizer, que mais apunhalam meus ideais. Falam mal dos outros pelas costas, mas abrem um sorriso de orelha a orelha quando confrontam essas pessoas. São hipócritas, acima de tudo. Defendem as causas erradas, as que não possuem ligação com seus pensamentos e as que vão contra o que é certo e ético, apenas pelo fato de terem algo diferente dos demais. Não são verdadeiros, nem com os outros nem consigo mesmo. Levam uma vida miserável, como podem perceber. Deixo-me afetar por essas pessoas pois convivo com elas e, mesmo sendo etiquetada como "amiga" por elas, não consigo entrar na onda, não me sinto parte do grupo, não quero ser. Já tive mais intimidade com elas, devo admitir, época em que meu lado filosófico ainda não desabrochara. Por isso a frustração de ver alguém que você gosta/gostou perdendo aspectos em comum com você. É agoniante, dá a sensação de estar perdendo parte da alma e da capacidade de manter amizades. Quando passar, espero que traga apenas alívio, e não saudade ou remorso. 
Tenho o coração preso a uma pessoa que não me corresponde. Sou dependente dela para ter um dia bom. Essa é a maior frustração que um ser humano pode ter, e eu a vivo, todos os dias, das 7 as 17.
Torturo-me com os mais pequenos atos, frustro-me a partir da divergência de ideais que tenho com as pessoas que amo. Não consigo aceitar que a ética é um conceito perdido no vento, e que eu deveria estar restruturando-a, e não lamentando sua perda. Não quero mais ser alvo dessa avalanche de acontecimentos, 2013 já avisou que seria assim. Só estou em choque com o tanto de novidade, não estava preparada. Quero ter a aquela ansiedade de viver de volta, tomaram-na de mim, agora sou só uma pessoa amargurada. Tenho que voltar a buscar apoio nos meus objetivos, e não sair rastejando por aí em busca de piedade e de um sorriso amigo. Tenho que viver por mim, ser mais independente, tanto das pessoas quanto da rotina. Eu faço minha felicidade e minha paz de espírito, e não os outros. Minha paz está em ajudar, tanto a mim quanto ao mundo. O resto é resto.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Dona Maria já estava no seus 89 anos quando teve que ir pela primeira vez ao médico, nada de grave, ela escorregou na rampa de casa e formou um roxo do tamanho da cabeça de Lolita, a cachorra. A filha insistiu durante todo o jantar que o médico só ia receitar uma pomada, e que aquele machucado não sumiria de outra maneira. "Ora, pomada eu tenho meia dúzia na gaveta do banheiro, fico boa em dois dias, médico é perda de tempo". Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, e lá estava Dona Maria, com a sua saia de domingo, vestida com seu traje velório/almoço em restaurante chique e agora com mais uma função, ida forçada ao médico. "Credo mãe, que roupa é essa? Ninguém morreu não". Dona Maria só sorria, respeitava essa geração de medicina social, idas ao médico mais freqüentes que idas ao parque, ato semanal da infância de qualquer criança da época dela. Ela respeitava, mas isso não quer dizer que entendia. Como entender uma pessoa que não sabe pegar ônibus? Que não conhece nem duas ruas abaixo da sua? Que considera shopping como passeio? Dona Maria mal sabia pronunciar shopping, e Deus me livre ter que passar mais de duas horas naquele lugar do capeta. Pra que tanto ar condicionado? Credo. Bom mesmo era sentar na calçada depois do almoço e tomar aquele sol delicioso que dá sono, preparar o café da tarde, visitar os netos, ouvir a radio Cultura e o jornal das 6.
You make me crazy.

paixão utópica

O que eu quero mesmo é pegar na tua mão, entrelaçar meus dedos gelados nos teus. Passar a mão no teu cabelo curto, te olhar nos olhos, acariciar teu rosto, te abraçar e saber que eu nunca mais terei que sofrer, porque tudo que superficialmente eu sempre quis, se encontrava alí, preso nos vãos dos meus braços e colado no meu corpo. Dalí ninguém te tirava, nem por decreto, nem por cima do meu cadáver. O mundo já era um lugar mais bonito só pelos beijinhos, as gargalhadas, os olhares de provocação. O auge da minha felicidade seria naqueles momentos que, ao conversar, a gente sabe que nunca vai existir uma pessoa que transmita essa sensação que você me traz. A gente ia assumir pro mundo nossa felicidade, meu coração estaria a mil todo dia, que nem nas vésperas da apresentação do ballet, alegre, grande e transbordando do que eu tenho de melhor. Eu iria te contar como minha cabeça funciona e todos os mais profundos segredos, aqueles que eu escondo de mim mesma. E você ia estar lá, comigo, sempre.
Mas então, num dia qualquer de Junho, eu ia perceber o quão difícil é de tudo isso acontecer. E o depressor, de cortar os pulsos e pisotear o coração é saber que a verdade só é verdade na minha cabeça, e naqueles sonhos estranhos que a gente tem quando dorme pouco. Minha vida é uma utopia, eu vivo na minha cabeça tudo o que eu queria estar vivendo na realidade. O real é chato e parte o coração. Vou vivendo o quanto der nessa mentira, até alguém resolver cortar as cordas do balão e me ver caindo da estratosfera. Ou se não eu podia mesmo é voar mais alto e ver até onde o mundo é mundo. Só Deus sabe.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Cansei das suas brincadeiras
Peço agora que fale
Me conte seus segredos perversos
Me mostre seu interior
Desdobra-te
Vira-te do avesso
E me deixa ver a fresta do sinal
De que ainda da tempo de
[não desistir

Eu ando triste, sabe
Não me sinto bem
Talvez seja você
Ou talvez seja eu mesma
Eu e minhas incapacidades
Eu e minhas limitações
Eu e minhas decepções
É, talvez seja você.
Se me amasse deveras
Talvez sentimentos de
Ciúmes, solidão
Nem teria eu conhecimento
Minha alma seria dourada
Radiante como sol de domingo
Não queres tu, meu amor
Me ver feliz assim?

sábado, 1 de junho de 2013

Over the hills and far away

As montanhas faziam do horizonte a mais perfeita visão que meus olhos de criança já presenciaram. O mundo ainda era um lugar muito grande, os caminhos já conhecidos eram poucos, o trajeto era simplório. Pouco foi visto, pouco foi experimentado. Por essas razões, aquele era meu lugar favorito, apenas pela forma excepcional em que o sol trocava de cor no entardecer. Os elementos da paisagem se mesclavam e as cores combinavam-se para que aquele momento tornasse-se harmonioso em todas as formas e, de alguma maneira, encantasse um ser humano qualquer que decidisse explorar o que a natureza tem de melhor. Essa mesma natureza que me exuberava com sua beleza e movimentos perfeitos, que subia nessa minha cabeça de criança toda vez que imaginasse um lugar feliz. Criança, criança, criança. Repetirei quantas vezes for necessário, eu não passo de uma criança. Guardo tantas inocências e dúvidas quanto uma criança de dez anos ao descobrir que dinheiro não nasce em árvore, que meninos podem ser bons amigos, que o papai e a mamãe podem ser muito injustos, que o mundo é realmente grande. Ainda estou presa naquele mesmo processo de descobrimentos e por isso, meu caro amigo, essa vista é a mais bonita que eu já vi.

Lonely lonely lonely heart

Eu não sei do que falar mesmo tendo tanta coisa atolada na garganta. Eu quero falar, eu quero transmitir minhas emoções, meu modo de ser, minhas ideias, mas não sai. Parece que eu me sinto pressionada, que tem alguém por aí que me dá medo e me limita. Eu não posso mais viver no básico, eu tenho que extravasar, transparecer. Eu quero que as pessoas comecem a enxergar meus outros lados bons. Ninguém conhece meus dias de felicidade plena, como esse sábado de sol. Elas só conhecem a pessoa confusa e atolada de sentimentos de ciúmes e uma pequena baixa alto estima, que tenta ao máximo não demonstrar o quanto dói o amor não correspondido. Essa mesma pessoa que, dia pós dia, se encontrar numa verdadeira Guerra Mundial com os próprios sentimentos, a fim de engana-los e mudá-los, pois os mesmos a derrubam. Eu não sou isso. Isso é o que as pessoas me tornaram, não é da minha natureza. Eu não tenho com quem contar, não pra isso. Me sinto tão sozinha e dispensável... Porque não posso ser especial, porque não posso ter alguém que corresponda aos meus sentimentos? Será que eu sou importante na vida de alguém, assim como ela é na minha? Não, acho que não.