quarta-feira, 19 de junho de 2013

Frustrações volume 1

Hoje vos conto uma história antropológica, desvendando publicamente meu novo sentimento colega, a frustração. Relatos a seguir foram extraídos da raiz do meu coração, meus mais obscuros e não tão ingênuos sentimentos de solidão, decepção e amargura. Quando eu terminar, mande-os para a guilhotina.

Eu ando tão indignada com a situação do mundo que meu dia-a-dia tem sido sinônimo de frustração. Sinto-me presa em uma cadeira elétrica que me manda uma onda de choque diversas vezes ao dia, eu aguento a voltagem pacificamente, repouso os olhos em um ponto da sala enquanto sinto a eletricidade na veia e penso. Penso tanto, discordo tanto, revolto-me tanto, encho meu coração de discórdias e pensamentos revolucionários e isso só me faz mal, pois não tenho onde descontar esses sentimentos. Tenho poucos ao meu lado que aceitariam ouvir minhas indignações e o pior, sinto-me incapaz de mudar e revolucionar o que eu tanto preciso que seja mudado.
O mundo, que antes estava do avesso e de ponta-cabeça, hoje aponta em todas as direções. Meu coração enche de orgulho ao ver todas essas revoltas e manifestações acontecendo em um país que já não via a luz do sol, não sei se estamos no caminho certo ou se valerá a pena, mas apenas pelo fato de ter acontecido, de um grande número de pessoas, ex-alienados e passivos, terem levantado do sofá e enxergado que o mundo pode ser um lugar melhor, já é um tremendo avanço. Quanto a isso, eu só tenho a agradecer de joelhos.  Porém, encontro-me em uma condição de dependência dos adultos para quase tudo, e isso só é mais uma barreira para minha incapacidade de lutar pelo que eu sempre acreditei, o que eu sempre discuti e defendi. Tenho que sentar, prender-me na minha casa, tendo como janela para o mundo exterior uma caixa eletrônica de mentiras, enquanto poderia estar nas ruas, tendo aquele sabor doce de liberdade e patriotismo. A vida não é justa, já me haviam dito. Eu só não sabia que a injustiça poderia chegar a esse ponto, no mais íntimo da minha vida, privar-me das mais nobres intuições. As leis da vida não são piedosas com ninguém. Frustro-me.
Não sou o tipo de pessoa que reclama, essa palavra me dá arrepios. Considero-me sortuda por ter a positividade (quase) sempre ao meu lado, sou a favor da conformidade com aquilo que realmente está bom e não precisa ser mudado, visto que são esses objetos os preferidos dos reclamadores de plantão. São eles, famosos por falar muito e não ter nada a dizer, que mais apunhalam meus ideais. Falam mal dos outros pelas costas, mas abrem um sorriso de orelha a orelha quando confrontam essas pessoas. São hipócritas, acima de tudo. Defendem as causas erradas, as que não possuem ligação com seus pensamentos e as que vão contra o que é certo e ético, apenas pelo fato de terem algo diferente dos demais. Não são verdadeiros, nem com os outros nem consigo mesmo. Levam uma vida miserável, como podem perceber. Deixo-me afetar por essas pessoas pois convivo com elas e, mesmo sendo etiquetada como "amiga" por elas, não consigo entrar na onda, não me sinto parte do grupo, não quero ser. Já tive mais intimidade com elas, devo admitir, época em que meu lado filosófico ainda não desabrochara. Por isso a frustração de ver alguém que você gosta/gostou perdendo aspectos em comum com você. É agoniante, dá a sensação de estar perdendo parte da alma e da capacidade de manter amizades. Quando passar, espero que traga apenas alívio, e não saudade ou remorso. 
Tenho o coração preso a uma pessoa que não me corresponde. Sou dependente dela para ter um dia bom. Essa é a maior frustração que um ser humano pode ter, e eu a vivo, todos os dias, das 7 as 17.
Torturo-me com os mais pequenos atos, frustro-me a partir da divergência de ideais que tenho com as pessoas que amo. Não consigo aceitar que a ética é um conceito perdido no vento, e que eu deveria estar restruturando-a, e não lamentando sua perda. Não quero mais ser alvo dessa avalanche de acontecimentos, 2013 já avisou que seria assim. Só estou em choque com o tanto de novidade, não estava preparada. Quero ter a aquela ansiedade de viver de volta, tomaram-na de mim, agora sou só uma pessoa amargurada. Tenho que voltar a buscar apoio nos meus objetivos, e não sair rastejando por aí em busca de piedade e de um sorriso amigo. Tenho que viver por mim, ser mais independente, tanto das pessoas quanto da rotina. Eu faço minha felicidade e minha paz de espírito, e não os outros. Minha paz está em ajudar, tanto a mim quanto ao mundo. O resto é resto.

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