segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Você corre contra o vento
Contra o tempo
Contra a impassibilidade do mundo
Corre cotia na casa da tia
Anda em círculos
Repete a mesma doentia rotina dia pós dia
Corre cipó na casa da vó
Como interromper esse ciclo vicioso?
Como nadar contra a maré?
Músculos são feitos para isso, moça bonita
Estamos aqui para renovar, renascer
Pode jogar? Ninguém vai olhar?
Não.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Alma de camaleão

Eu precisei estar aqui sem mesmo saber com qual intenção. Não que eu apoie essa necessidade doentia de achar sentido em tudo. Para quebrar com qualquer ideia pré colonizada, aqui começo o que vem a ser a totalidade de uma vida clara como a manhã e confusa como a brisa que vem e vai, que fica porque quer e porque precisa. Aquela mesma pessoa perdida nas escolhas mesmo tendo em cada uma das mãos ferramentas que a levem onde queira ir.
Na cabeça perdura uma mente amarrotada de lembranças recentes e antigas, falsas lembranças e vontades nunca cumpridas. Na cabeça perdura uma mente que lateja de cansaço, mas reserva brechas para uma melhor aplicação da energia que ainda resta. São 11 horas da noite, chove, faz calor. Dada a descrição do tempo, parte-se a analise do ser. Este ser deita-se na cama demasiada quente, cobre-se com o cobertor até o pescoço e não dorme. Na cabeça perdura uma mente teimosa e angustiada com o curto prazo para o cumprimento das responsabilidades sociais. Odiava essa palavra, "responsabilidades". Desde que pintara o pequeno cartaz com dizeres em inglês acerca de liberdade e pendurara na parede do quarto, o que unicamente fazia sentido eram esses dizeres. Liberdade, meus irmãos. Li-ber-da-de, cada sílaba é pronunciada mansamente pela língua que mal encosta nos dentes. Doce de ouvir, doce de explicar. Contrariando os princípios, a palavra descia amargamente pela garganta na noite de terça, nada fazia sentido. Nada fazia sentido há muito tempo, nem se lembrara a última vez em que sentiu-se segura e pertencente ao mundo ao seu redor. O lugar não era aquele, as escolhas talvez estivessem apontando em direções erradas, o sentimento de perda e de saudade das coisas ainda não concretizadas. A realidade estava fora dos eixos.
Na cabeça ainda perdura uma mente brilhante que sente-se ofuscada pelo brilho exacerbado e ostentado pelos demais. Aquela mente não veio ao mundo para esse fim. Veio para mudar, para trazer consciência aos outros e aprimorar-se a cada instante. Aquela mente nasceu com olhos de águia, aquela que vê de tudo, sabe de tudo, consciente.
As vezes olho para trás, para os lados, para cima... Tudo é nítido, como um girassol. O espasmo da vida já está a acontecer. Como vou saber o melhor caminho seguindo pelo mesmo eternamente?