terça-feira, 8 de janeiro de 2013

uma menina aí

Um solo de guitarra ecoava na televisão do andar de baixo enquanto a menina dos olhos perdidos encarava o teto em busca de respostas. Ela sabia o que fazer, já traçara a rota no mapa e já fizera planos na sua cabeça assim que teve oportunidade, ela tinha essa mania de preparação e arrumação da própria vida. Se sentia perdida com frequência, especialmente naqueles dias de mormaço, dias em que a casa era vazia e silenciosa, com as poucas pessoas que habitavam nela perambulando pelos quartos feito almas penadas, ou fazendo curtas viagens quarto-cozinha, cozinha-quarto. O futuro é incerto, pensava ela. Como vou saber se as minhas escolhas são as melhores? Tenho que me preparar, alguém me puxa dessa cama. E lá ia ela, a procura de livros e revistas. Pesquisar a acalmava, estar na corrida atrás do que era importante a deixava tranqüila e feliz. Pelo menos estou fazendo algo, murmurava pra si mesma enquanto abria o grande almanaque das profissões, que prometia lhe dar uma opção de uma vez por todas. Se ela ao menos conseguisse manter uma rotina, trabalhar duro todos os dias em busca do que queria, ela com certeza não estaria lamentando pelo 1 mês e meio perdidos, que deveriam ter sido usados de forma mais inteligente. Não vou dizer que esse período foi em vão, porque não foi. Ela havia ganhado alguma coisa. Ela havia amadurecido, e isso é uma coisa que não dá pra pesquisar antes e se preparar, simplesmente vem com o tempo e na hora certa, especialmente quando você menos acha que vai precisar. É, podemos dizer que a menina dos olhos perdidos usou esse período não da forma que queria, mas da forma que precisava.

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