sábado, 15 de dezembro de 2012

O que Shiva me ensinou

Acordei as 7:15 da manhã no sábado chuvoso de dezembro, olhei ao meu redor, os olhos embaçados tentando assimilar as luzes e móveis do quarto escuro, enquanto minha mãe à porta murmurava palavras que eu não necessariamente entendia, mas sabia que eram pedidos para eu me levantar, e avisos de que estávamos atrasadas. Meu cérebro e meu corpo reclamavam das poucas horas dormidas, mas eu os reprimia enquanto cambaleava ao banheiro. Uma corrente gelada de vento entrou pela janela, fazendo com que os poros da minha pele estremecessem  e todos os pelos adquirissem uma estrutura rígida. O rosto demonstrando uma fusão de sentimentos negativos como consequência da noite mal dormida. não me importei de pentear o cabelo.
Eu gostava das aulas de yôga aos sábados de manhã, e sabia que iniciaria a turma de SwáSthya naquele dia, porém não sou uma criatura de hábitos matutinos e a luz incomodava meus olhos e só auxiliava para que meu humor descesse ralo abaixo. Minha mãe sempre foi o oposto de mim em relação a isso, no caminho ela cantarolava e batucava no voltante do carro, e eu ia me encolhendo e guardando em mim mesma esses sentimentos amargos.
Me senti a vontade na sala retangular com os desconhecidos sentados a minha volta, procurei um lugar estratégico e me acomodei no tatame azul, com as pernas cruzadas e fazendo uma respiração devagar e completa. As pessoas eram simpáticas e mais velhas que eu, e conforme entravam na sala cumprimentavam cada aluno e desejavam bom dia. As duas horas de aula passaram voando, aproveitei cada energia, cantei o mantra e acompanhei com palmas e com espírito. Desejei boas energias a instrutora e aos meus colegas. Desejei e visualizei minha vida ideal, uma pessoa saudável e com boas maneiras, alguém que não leva maus sentimentos na alma, que vive a vida em prol dos próprios valores, e que tenta passar esse dom e essa luz para as pessoas próximas. Desejei uma vida em que não houvesse pensamentos ruins com relação aos outros, que não houvesse julgamentos, que houvesse aceitação. Me visualizei sendo uma amiga melhor, uma filha e irmã melhor. Uma pessoa melhor pra mim mesma e para os outros ao meu redor. Alguém também com uma cultura aprimorada, com um conhecimento mais estruturado. Alguém mais feliz.
Meu coração se encheu dessa energia, e o que eu mais queria era sentir isso pelo resto da minha vida, essa paz indescritível. Cheguei em casa e entrei nas redes sociais, tive uma breve recaída, por um momento esqueci desses valores novos, mas logo me recuperei e lembrei a mim mesma das minhas prioridades. E cá estou eu, querendo compartilhar e deixar marcado esse sentimento tão pleno, uma alegria que chega longe de ser eufórica e breve, mas sim plena e suficiente. 

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