Guardo no peito uma enxurrada de sentimentos. Guardo no peito os sentimentos do mundo. Sufoco-me com os que trazem impurezas a alma, machuco-me sem ao menos possuir uma razão concreta.
Sou o cofre do rei, guardo os pensamentos e as emoções mais densas as sete chaves, escancaradas garganta abaixo. Não vejo a hora de descobrirem esse tesouro perdido e mostrarem ao mundo o quanto suas jóias brilham. Quero ser reconhecida. Até lá, vou juntando as peças desse quebra cabeça horripilante enquanto esquartejo a felicidade que tanto procuro.
Quero uma vida sem medos. Meu coração anda mais pesado que chumbo, tenho vontade de arremessa-lo no horizonte e virar as costas, andando no sentido contrário, deixando o vento bater com força nas minhas costas, encorajando-me a seguir em frente. Não quero mais sentir, pelo menos não desse jeito.
Quero chorar e afogar-me na mentira que eu sou. Não sou nada, não posso ser nada, nunca serei nada além disso. Não enquanto viver nessa camisa de força do meu próprio consciente. Não enquanto sentir medo.
Quero mesmo libertar-me de mim mesma.
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